Na estrada com o Diário

O Círio de Nazaré pode ser vivido o ano inteiro 

Belém,Pará, Brasil, Cidade. Museu do Cirio. 27/09/2023. Foto celso Rodrigues/ Diário do Pará.
Belém,Pará, Brasil, Cidade. Museu do Cirio. 27/09/2023. Foto celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Luiz Octávio Lucas

Se você vai passar por Belém neste verão amazônico, o Na Estrada te convida a conhecer um pouco da Festividade do Círio de Nazaré, ainda que o segundo domingo de outubro esteja um pouco longe no calendário.

A capital paraense tem uma “rota do Círio”, onde o visitante entra no clima da quadra nazarena que movimenta a cidade durante 15 dias de programação. Para começar, faça uma visita à Catedral Metropolitana de Belém, na Cidade Velha. O templo que fica em frente à Praça Frei Caetano Brandão é o ponto de partida da romaria que reúne dois milhões de devotos em cerca de 4,5 quilômetros de caminhada até a Praça Santuário, no bairro de Nazaré.

A Catedral é relacionada com a fundação da cidade. “Santa Maria de Belém foi fundada em 12 de janeiro de 1616, no Forte do Presépio. Se tem relato que quando da construção do Forte do Presépio foi feito um nicho onde foi colocado uma imagem de Nossa Senhora da Graça”, destaca o site de apresentação do templo, sobre o local que hoje tem a imponente construção. A missa em frente à Igreja da Sé, logo nas primeiras horas da manhã do segundo domingo de outubro, dá início oficial ao Círio de Nossa Senhora de Nazaré.

Catedral da Sé. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.
Catedral da Sé. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

A Catedral foi construída entre os anos de 1748 e 1774, finalizada pelo arquiteto italiano Antonio Landi. Com influências do barroco e do estilo neoclássico, o altar-mor, de mármore e alabastro, veio de Roma, como doação do Papa Pio IX. Os altares laterais ostentam telas do pintor Domenico de Angelis, sendo que a igreja é consagrada à Santa Maria de Belém.

De lá, vá caminhando até a rua Padre Champagnat, em frente ao templo, e visite o Museu do Círio. O espaço retrata a história da devoção popular em torno da celebração do Círio, registrado como Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro pelo IPHAN desde 2004.

O acervo do Museu do Círio contempla sua realidade histórica, cultural e artística através de aproximadamente 2.000 peças, divididas em 11 coleções, que vão desde arte sacra do século XIX até a arte popular em objetos de miriti, destacando-se o numeroso acervo de ex-votos, entre outros itens que testemunham o Círio das origens até a contemporaneidade.

Museu do Círio. Foto Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Feita a visita, siga para o bairro de Nazaré, até a Praça Santuário. No caminho admire o túnel de mangueiras da avenida Nazaré, que alivia o calor da caminhada de fé. Observe os arcos do Círio, que são trocados anualmente para celebração da festividade e ficam expostos o ano inteiro. A Praça Santuário é o ponto de chegada da romaria.

O local, primeiramente, foi conhecido como Largo de Nazaré e fica bem em frente à Basílica de Nazaré. No centro da Praça, um altar é o local onde a imagem da Virgem fica exposta para visita dos fiéis durante 15 dias da quadra nazarena.O logradouro tem suas linhas modernas, gradil, altar-central, concha acústica e um monumento de mármore em forma de manto de Nossa Senhora de Nazaré.

Praça Santuário Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Ao lado da Praça Santuário, caminhe até a Casa de Plácido, local onde os romeiros que caminham por dias em direção à Basílica Santuário de Nazaré são recebidos com um acolhimento com direito à refeição e massagem para que possam se recuperar e venerar a Virgem Santa. Ao lado da Casa de Plácido, observe a antiga Estação dos Carros, hoje batizada de Estação Padre Luciano Brambilla, onde ficam guardados a Berlinda e os demais carros que participam das romarias da quadra nazarena.

No mesmo complexo é possível conhecer o espaço Memória de Nazaré, um outro museu que guarda peças que remetem ao Círio, como mantos que vestiram a imagem da Santa e objetos que serviram como pagamento de promessas e quadros pintados por pessoas privadas de liberdade.

 Museu do Círio. Foto celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Finalize o passeio pela imponente Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, onde no altar-mor, em um espaço chamado de Glória, fica guardada a imagem original da Santinha, que segundo a tradição, foi encontrada pelo caboclo Plácido e sempre voltava para o mesmo lugar.

A edificação é inspirada na Igreja de São Paulo, em Roma, com a assinatura dos arquitetos italianos Gino Coppede e Giuseppe Predasso, este que coordenava os trabalhos à distância, na Itália, tendo como intermediário o Padre Luis Zoia. A construção foi iniciada em 1909, no final do ciclo da borracha, e atravessou os dois períodos de guerras mundiais.

Aproveite para comprar lembranças da festividade nas várias lojas e barraquinhas ao redor do templo, amarre suas fitas com pedidos e agradecimentos no gradil do Santuário e se programe para voltar em outubro, outro mês especial para aproveitar o que Belém tem de melhor a oferecer.

 

PARA CONHECER 

Catedral Metropolitana de Belém 

Endereço: Praça Dom Frei Caetano Brandão – Cidade Velha.

 

Museu do Círio

R. Padre Champagnat, s/n – Cidade Velha.

 

Praça Santuário de Nazaré 

Av. Nazaré, s/n – Nazaré

 

CURIOSIDADES

  • A Basílica de Nossa Senhora de Nazaré tem sua história está atrelada com o a descoberta da imagem de Nossa Senhora de Nazaré por Plácido às margens do igarapé Murucutu, área que atualmente corresponde aos fundos da Basílica.
  • Independente do lugar para onde a imagem era levada, desaparecia e ressurgia onde foi encontrada, fazendo com que fosse erguida uma capela em sua homenagem no local, hoje a Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré.
  • Em 31 de maio de 2006, a Basílica Santuário de Nazaré foi elevada à categoria de Santuário Mariano Arquidiocesano pelo então Arcebispo Metropolitano de Belém Dom Orani João Tempesta.