Ana Laura Costa
Com o avanço da preocupação com os efeitos das mudanças climáticas – e da exaustão dos recursos naturais – cada vez mais empresas investem em ‘Tecnologia Verde’, um conceito que compreende soluções tecnológicas para resolver ou atenuar problemas ambientais, a partir de energias limpas que não poluem o meio ambiente.
Para empresas que atuam com energias limpas, a COP-30, em 2025, oportuniza uma vitrine global para promover micros, pequenos e médios negócios que atuam com a sustentabilidade, por meio de ‘showcases’, uma ferramenta interativa entre demandantes e ofertantes no mercado, que viabiliza apresentações públicas sobre produtos de setores específicos, cruzando interesses em comum e destacando iniciativas.
É assim que Dirceu Melo, designer de Projetos, Produtos e Embalagens, pensa a Conferência Climática da ONU, em Belém: uma vitrine de negócios para o mundo. Ele que atua por meio de palestras, auxiliando empreendedores através de consultoria especializada em modelagem de negócios, validação, prototipagem e gestão financeira, avalia ser altamente benéfica a participação de empreendedores de toda a região Norte na COP-30, em Belém, principalmente das “Greentechs” (ou startups verdes) regionais em exposições e painéis sobre inovações climáticas.
“Quando falamos em inovação, design e tecnologia, as referências são os grandes centros metropolitanos do Sudeste e Sul, então Belém tem a oportunidade de impulsionar seus negócios e reduzir desigualdades”, destaca.
Ou seja, o empresário considera que a participação em painéis e exposições relacionadas às inovações climáticas elevam a região Norte e sua economia circular no mapa da bioeconomia e destaca empreendimentos amazônicos que contribuem para a mitigação de problemas em estados da região, como Amapá e Pará.
“Nós precisamos deste impacto, dessa responsabilidade para revermos nossas metas, termos ambições quanto às indústrias que estamos nos propondo a desenvolver no setor de bioeconomia, assim como em outros setores produtivos que são a vocação dos estados da Amazônia Legal”, afirma.
O pensamento de Dirceu conversa com a pesquisa realizada em 2021 pelo Instituto FSB, empresa de comunicação corporativa, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que aponta que 81% das empresas que participaram do levantamento já consideram importantes as boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG).
TECNOLOGIAS
Portanto, os empresários nortistas que pretendem evidenciar o uso de tecnologias verdes e soluções sustentáveis desenvolvidos por suas empresas, encontram em “showcases” uma oportunidade para exporem suas ideias e produtos para um público aberto em um dia temático específico, por exemplo.
São nesses eventos que os empreendedores podem buscar por atualização de conhecimentos, tendências de mercado, assim como, claro, estabelecer conexões com outros profissionais e empresas da área, um leque de possibilidades, frisa Dirceu Melo.
“Cada modelo de negócio dentro de bioeconomia tem sua peculiaridade, adotando práticas de eficiência energética, utilizando energias renováveis, implementando sistemas de reciclagem e reutilização de materiais. Então, com certeza, o networking é fundamental para todo empreendedor”.
A startup sustentável em que Dirceu Melo é CEO (diretor-executivo), Amari Reciclagem e Produtos’, usa a tecnologia verde na forma da reciclagem do plástico polietileno pós-consumo, promovendo a reutilização, reciclagem e regeneração de produtos, materiais e recursos naturais. Ele conta como faz para complementar a apresentação pública dos negócios em eventos da área para promover reflexões e vender ideias.
“Para o ano de 2024 já estamos definindo datas de exposição em Macapá. Como atuo com a palestra intitulada “Design para um Amapá mais Próspero”, apresento o case da Amari e todo o contexto que fazem esse modelo de negócio ser novo no Estado. Assim como outras reflexões sobre a profissão de designer no desenvolvimento dos setores produtivos no Amapá e no fomento do Centro Amapaense de Design, além do impacto sobre a economia local”, conta.
Inovação
E quando se fala em promover o ambiente de negócios por meio de apresentações e painéis sobre inovação tecnológica ou comércios específicos que destacam iniciativas sustentáveis, o design pode ser um aliado na hora de deixar pegadas ambientais, identitárias e positivas para a experiência do consumidor / público alvo.
De acordo com o designer que – nos últimos anos, também tem se dedicado ao desenvolvimento de Planos de Desenvolvimento de Inovação em Economia Criativa, explorando áreas como políticas públicas, design estratégico e gestão do design – esse mercado também pode contribuir nessa dinâmica de alcance para ampliar o protagonismo das empresas e produtos da região.
Na Amari, por exemplo, através do design, Melo cria produtos fabricados pela própria marca com o polietileno e reforça sua identidade. Mas faz questão de lembrar que conta com o apoio dos colaboradores que direcionam produtos (recicláveis) e projetos em vulnerabilidade social que também contam com o apoio da startup para otimizar a coleta na cidade de Macapá, no Amapá.
“É necessário incentivar a cultura do design integrado em produtos e serviços, ressaltando nossa cultura utilizando metodologias da nossa formação aliadas a criatividade e tecnologia, para criar negócios valiosos dentro da bioeconomia. Fora a vivência em equipes multidisciplinares ou como freelancer em monitorias que enriquecem nosso aprendizado. Comunicar isso é um dever nosso enquanto profissionais, sabendo que a cada valor investido em design, inovação e pesquisa maiores serão as vantagens competitivas. Além disso, não se trata de comercializar somente em nosso estado, precisamos exportar para outros países nossas abundâncias”, ressalta.