Ana Laura Costa
O movimento de preparação para a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), atravessa uma mobilização coletiva, tanto entre as esferas municipal, estadual e federal, quanto dentro do próprio nicho de empreendedores para a prática de fortalecimento de seus negócios.
É nisso que a consultora empresarial e palestrante, Elaine Cardoso, acredita e reforça que, conhecer o próprio negócio, além de se conectar com outros grupos e empresas, é tão primordial quanto a estrutura da cidade para o êxito do evento e o impacto de soluções verdes na Amazônia.
“Além da visibilidade que a nossa região vai ganhar, com a projeção mundial decorrente da COP 30, há também o fator econômico, que deve impulsionar investimentos e movimentar grande parte das atividades comerciais e de serviços, ou seja, será benéfico para todos. Portanto, é sim, fundamental conhecer o seu próprio negócio e buscar se inserir neste novo contexto, a partir de parcerias entre os próprios empresários, por intermédio do associativismo, por exemplo, ou alinhando junto aos governos municipal, estadual e federal, por meio dos órgãos competentes”, destaca.
ASSOCIATIVISMO
Elaine Cardoso, que também é CEO da BC Gestão, empresa especialista em consultoria empresarial, destaca um ponto muito importante nesse processo de mobilização para firmar colaborações com outras empresas e organizações para o desenvolvimento de iniciativas: o associativismo.
Explicando um pouco, o associativismo é uma iniciativa formal ou informal que consiste na composição de grupos de pessoas ou organizações – neste caso grupo de empreendedores/empresários focados na sustentabilidade – que pode ajudar na solução de problemas do ramo em que atuam, bem como superar desafios e dificuldades nos mais variados âmbitos.
Ou seja, associativismo é a livre organização de pessoas que buscam sanar necessidades coletivas ou mesmo realizar objetivos e alcançar metas comuns a todos. “Recentemente estive em um evento internacional de tecnologia em São Paulo e o CEO de uma das maiores empresas de tecnologia da América Latina falou que, na década de 1990, com a chegada de grupos globais ao Brasil para vender suas soluções, os principais players de tecnologia do país se juntaram em fusão para não perderem espaço para empreendimentos de fora – o que deu muito certo”, ressalta.
A partir dessa experiência, Cardoso compreende que o mesmo pode ser feito em Belém. Para ela, este é um momento de união das empresas, sobretudo as do mesmo nicho e com o setor de serviços. “As empresas precisam ter atitudes colaborativas, ou seja, chamar o concorrente para alinhar a quebra dos desafios e ver de que forma uma pode contribuir com a outra”, avalia a consultora empresarial. Aliado a isso, a palestrante pontua que as empresas locais precisam buscar estratégias para não perderem competitividade, investindo em inovação, tecnologia e qualificando seus times.
“Vejo também o associativismo com um papel fundamental neste contexto, de se aproximar dos entes públicos e abrir as portas para o micro, o pequeno e o médio empreendedor, que sozinho não tem a oportunidade de apresentar seus serviços. Ou seja, os empreendedores, por sua vez, devem buscar se aproximar de suas associações de classe, federações, sindicatos, conselhos e afins”, salienta.
PONTOS
Na hora de estabelecer essas parcerias e colaborações com outras empresas, alguns pontos não podem deixar de ser considerados para associar à imagem pessoal e da empresa a outras, para obter resultados satisfatórios no âmbito empresarial. Diante disso, a consultora empresarial lança mão de um famoso ditado: a primeira impressão é a que fica. Portanto, Cardoso destaca que, apresentar e transmitir a imagem do compromisso e do profissionalismo, para agregar valor às suas marcas é fundamental.
“Pensar na inovação também é um fator primordial para garantir uma boa impressão. Ter um site responsivo, contas atualizadas nas redes sociais, materiais de apresentação como portfólios de serviços fazem a diferença. Treinar a sua equipe, repaginar a empresa, repensar modelos de negócios, enfim, há uma diversidade de fatores que precisam ser revistos para aproveitar este novo momento”, avalia.
“Também é necessário ampliar o networking, participando ou promovendo eventos, reunindo o setor em torno de um único objetivo. Esta é a maior oportunidade que Belém já teve para alavancar a sua imagem para o mundo. As empresas que se prepararem para isso, deixarão um belíssimo legado para as duas próximas gerações”, orienta.
Articular estratégias de conectividade além de rotas a serem traçadas também devem ser consideradas por empreendedores nesse contexto. No entanto, Elaine Cardoso avalia que a tarefa de gestão ainda é um desafio e lembra. “Planejar ainda é um desafio enorme para muitos empresários da região Norte. Mas a COP-30 representa uma boa oportunidade para começarmos a quebrar este paradigma e mudar o mindset deste empresário”.
A consultora comenta que o evento já está bem próximo, mas ainda há tempo de organizar estratégias, realizar investimentos pontuais como, por exemplo, em máquinas e equipamentos, treinar os times e projetar o agora, o durante e o depois da COP-30, ou seja, o legado que a conferência há de deixar para os empreendedores da região.
“A nossa preocupação é que, por falta de conectividade e agilidade na organização das estratégias, boa parte dos insumos e dos serviços necessários para a realização do evento internacional sejam terceirizados junto à outras regiões do país, deixando que estes recursos fiquem em nossas divisas, ou seja, que a economia local perca competitividade para empresas de fora do Estado”, frisa.
Elaine Cardoso, finaliza dizendo que, neste ritmo de preparação e busca por parcerias que comunguem dos mesmos ideais, tende a valorizar o conhecimento regional, o intercâmbio de ideias e impactar positivamente as comunidades empreendedoras locais.
“Eventos desta natureza impactam em cadeia, toda uma economia, e não apenas as grandes empresas – o que reforça a necessidade de boas parcerias. Os grupos que estão diretamente atrelados ao evento precisarão de fornecedores, ou seja, empresas de micro e médio porte precisam estar aptas às demandas destes grupos maiores. Além disso, será necessária a abertura de novos postos de trabalho, ou seja, quando se gera emprego, automaticamente se gera renda e se eleva a arrecadação de impostos aos entes federados”.