LEI TRABALHISTA

Licença-maternidade é garantida em casos de natimorto? Entenda após a perda de Tati Machado

Mulheres que enfrentam a perda do bebê na reta final da gravidez estão amparadas pela legislação brasileira

A apresentadora e jornalista Tati Machado revelou que o seu filho Rael partiu aos oito meses de gestação.
A apresentadora e jornalista Tati Machado revelou que o seu filho Rael partiu aos oito meses de gestação.

A apresentadora Tati Machado anunciou nesta semana a perda do bebê que esperava com o marido, Bruno Monteiro, na 33ª semana de gestação. Diante da comoção e solidariedade nas redes sociais, o episódio também levantou uma dúvida comum: mães que sofrem aborto espontâneo tardio ou dão à luz a um natimorto têm direito à licença-maternidade?

Segundo especialistas, a resposta é sim. A advogada trabalhista Amanda Fonseca, do escritório Innocenti Advogados, explica que a legislação brasileira garante o direito à licença-maternidade mesmo nos casos em que o bebê não nasce com vida. “Embora o bebê não tenha sobrevivido, subsistem os direitos trabalhistas inerentes à maternidade”, afirma.

De acordo com a lei, mães que passam por óbito fetal após a 20ª semana de gestação têm direito aos 120 dias de afastamento, exatamente como no parto com nascimento com vida. O benefício pode ser concedido mediante a apresentação da certidão de óbito, sem necessidade de perícia do INSS.

Direitos Trabalhistas e Licença-Maternidade

A advogada Janaína Cristina Máximo, do escritório Crivelli Advogados, acrescenta que o direito é garantido, especialmente a partir da 23ª semana de gestação. Antes desse período — equivalente a cerca de seis meses — a legislação prevê duas semanas de afastamento remunerado, mediante atestado médico.

A legislação também assegura à mulher o retorno ao mesmo cargo após o período de licença. Se a estabilidade for desrespeitada, a trabalhadora pode buscar a Justiça para garantir indenização e os direitos trabalhistas referentes ao período.

“Enquanto a mãe vivencia o luto, muitas vezes também precisa enfrentar questões ligadas ao afastamento do trabalho”, ressalta Janaína, que também já passou por uma perda gestacional. “Me solidarizo com a dor dessas mães e de todas que saíram da maternidade sem o filho nos braços.”