Cantor pediu anistia aos presos pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Foto: Reprodução
Cantor pediu anistia aos presos pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Foto: Reprodução

A Prefeitura de Porto Belo, em Santa Catarina, pagou R$ 450 mil pelo show da dupla Zezé Di Camargo & Luciano durante o 10º Festival do Camarão, realizado na última segunda-feira (13). O valor consta no contrato firmado entre a Fundação Municipal de Turismo e a empresa Live Talentos Agenciamento, Produção e Publicidade Ltda., responsável pela representação da dupla.

A contratação ocorreu por inexigibilidade de licitação, modalidade que permite acordos diretos quando há comprovada exclusividade do artista. O contrato previa uma apresentação de 110 minutos, incluindo todas as despesas de hospedagem, transporte local, camarins, impostos e estrutura técnica exigida pela equipe.

Durante o show, Zezé Di Camargo levantou uma camiseta com a mensagem “Anistia já para os presos do 8 de Janeiro”, em referência aos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) condenados pelos atos golpistas de 2023. O gesto dividiu opiniões, recebendo aplausos de parte do público e críticas nas redes sociais.

De acordo com o contrato, o pagamento deveria ser efetuado até três dias após a apresentação da nota fiscal. A prefeitura informou que os recursos utilizados vieram de dotação orçamentária destinada a eventos turísticos.

Debate sobre anistia e o PL da Dosimetria

A manifestação de Zezé ocorre em meio ao impasse político sobre o tema em Brasília. O chamado PL da Dosimetria, que propõe reduzir as penas dos condenados pelos atos antidemocráticos, perdeu força na Câmara dos Deputados e enfrenta resistência no Senado.

Relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), o projeto está parado após semanas de negociações sem consenso. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem evitado colocar o texto em votação para não repetir o desgaste da PEC da Blindagem.

Diante da falta de acordo, o PL tenta articular uma nova proposta que anule condenações, multas e inelegibilidades relacionadas aos atos de 8 de janeiro. O tema segue como um dos principais dilemas políticos do campo bolsonarista.

Editado por Clayton Matos