Disparos fatais em Belém: versão da PF é contestada pelos parentes
Disparos fatais em Belém: versão da PF é contestada pelos parentes

Belém e Pará -

Familiares do estudante Marcello Victor Carvalho de Araújo, morto dentro do próprio apartamento no início da manhã de ontem em Belém, durante uma operação da Polícia Federal, na presença de sua mãe, contestam a versão oficial da Polícia Federal sobre o ocorrido.

“Afirmar que Marcello partiu para cima de policiais naquele momento, todos portando aqueles escudos imensos é difícil de acreditar. Ele não teria nem como alcançar algum policial ! E mesmo se ele tivesse feito isso, nove policiais não poderiam contê-lo? Precisava dispararem dois tiros nele? Qualquer pessoa com o mínimo de razoabilidade vai ver que essa versão é uma afronta à família enlutada!”, disse a promotora Ana Maria Magalhães, tia-avó da vítima.

A promotora diz que um dos tiros disparados atingiu o tórax e outro a cabeça de Marcello que, segundo ela, estava desarmado. “Ele (Marcello) era um rapaz franzino, de estatura mediana. Podemos classificar esse ato como de contenção policial? Mesmo que a vítima tivesse se aproximado dos policiais com violência, o que não aconteceu… Isso tudo será contestado na Justiça!”, garante a Ana Maria.

Marcello não era o alvo da operação. O verdadeiro alvo era Marcelo Pantoja Rabelo, conhecido como “Marcelo da Sucata”, que foi preso no mesmo imóvel onde Marcello residia com a mãe, Ana Suellen Carvalho, escrivã da Polícia Civil e que mantinha uma relação amorosa com o acusado.

O que diz a PF

Em nota oficial divulgada na tarde de ontem a Polícia Federal informou que a morte ocorreu durante o cumprimento de mandado judicial da Operação Eclesiastes e que o mandado tinha como alvo o líder do grupo, considerado violento, e por isso a ação contou com o apoio do Grupo de Pronta Intervenção (GPI).

Durante a operação, ainda segundo a PF, “um homem que se encontrava na residência investiu contra um policial federal, desferindo um soco no rosto e tentando tomar-lhe a arma de fogo”. Diante da agressão, os agentes efetuaram disparos “para conter a ação”.

Velório e Repercussão

O velório de Marcello Carvalho ocorre a partir das 15h30 de hoje na capela Max Domini (avenida José Bonifácio, nº n1.550) em São Brás. O féretro sai da capela às 9h40 desta sexta-feira com destinho ao Cemitério Max Domini, em Ananindeua, para o enterro.

A Associação do Ministério Público do Estado do Pará (AMPEP) divulgou uma nota em suas redes sociais comunicando o falecimento do jovem e lamentando a morte. Marcello era sobrinho-neto da promotora criminal Ana Maria Magalhães, presidente da associação. Entidades representativas da segurança pública, como o Sindpol-PA e a Adepol-PA, manifestaram solidariedade à família e cobraram transparência nas investigações.

As Polícias Civil e Federal não comentam o caso, mas a Polícia Científica do Pará acompanhou a necrópsia do corpo da vítima e em nota oficial informou que a atuação do órgão se dará em apoio técnico à investigação conduzida pela PF, que foi a responsável pela realização da necropsia, realizada hoje.