Jovem morto dentro de casa na operação da PF: quem era Marcello, de 23 anos
Jovem morto dentro de casa na operação da PF: quem era Marcello, de 23 anos

Belém e Pará -

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou ontem Procedimento Investigatório Criminal (PIC) para apurar as circunstâncias da morte de Marcello Vitor Carvalho de Araújo, de 24 anos, ocorrida na manhã desta quarta-feira (8), durante operação da Polícia Federal (PF) no bairro do Jurunas.

A morte ocorreu no próprio apartamento da vítima no Edifício La Ville, localizado na Rua dos Mundurucus, entre Carlos de Carvalho e Honório José dos Santos, na confluência dos bairros Jurunas e Batista Campos durante o cumprimento de mandados judiciais da Operação Eclesiastes, que investiga um grupo de extermínio com atuação no Pará.

Como parte da investigação o MPF requisitou informações à Superintendência Regional da PF no Pará, ao Instituto de Criminalística e ao Instituto Médico Legal (IML). A decisão de instaurar o procedimento se baseia, entre outras normas, em resolução e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que tratam de Procedimento Investigatório Criminal, do controle externo da atividade policial e da atuação do Ministério Público em investigações de mortes cometidas por agentes de segurança pública.

Marcello trabalhava na Polícia Civil

Marcello era formado em Educação Física e trabalhava na área administrativa Polícia Civil, filho da escrivã da corporação, Ana Suellen Carvalho, com quem morava no apartamento onde ocorreu a morte. Segundo familiares, ele era uma pessoa tranquila, caseira e estudiosa. Gostava de cozinhar, cuidar dos cães e jogar videogame, evitando ambientes movimentados.

De acordo com familiares, o mandado de busca e apreensão cumprido pela Polícia Federal não tinha Marcello como alvo, mas sim o namorado da mãe dele, que teria o mesmo nome — um homônimo, e muito mais velho.

A vítima era sobrinho-neto da promotora Ana Maria Magalhães, presidente da Associação do Ministério Público do Estado do Pará (AMPEP), que classificou a ação de “totalmente equivocada e executada por pessoas despreparadas”.

Como a Morte Ocorreu

Ainda de acordo com relatos da família, os agentes da PF arrombaram a porta do apartamento pouco antes das 6h. A mãe do jovem teria sido rendida e agredida mesmo após se identificar como Policial Civil.

O primo de Marcello, Mário Rivera, contou que o jovem saiu do quarto assustado, sem entender o que acontecia, e acabou atingido por dois tiros. “Ele tentou recuar, mas sangrou até a morte sem saber o que estava acontecendo”, relatou. A família afirma que Marcello “não tinha qualquer envolvimento com crimes nem era alvo de investigação”.

Polícia Federal se Pronuncia

Polícia Federal diz que morte ocorreu para “conter agressão”

Em nota oficial divulgada na tarde de ontem a Polícia Federal informou que a morte ocorreu durante o cumprimento de mandado judicial da Operação Eclesiastes e que o mandado tinha como alvo o líder do grupo, considerado violento, e por isso a ação contou com o apoio do Grupo de Pronta Intervenção (GPI).

Durante a operação, ainda segundo a PF, “um homem que se encontrava na residência investiu contra um policial federal, desferindo um soco no rosto e tentando tomar-lhe a arma de fogo”. Diante da agressão, os agentes efetuaram disparos “para conter a ação”.

O homem foi socorrido, e o SAMU foi acionado, mas ele não resistiu aos ferimentos. O verdadeiro alvo do mandado também teria resistido à prisão, mas foi detido e conduzido à sede da Polícia Federal.