Os canais que deveriam garantir segurança e funcionalidade, estão em estado avançado de degradação, refletindo um quadro de abandono que preocupa moradores e trabalhadores dessas áreas. Este é o cenário ao longo da avenida Visconde de Inhaúma, no bairro da Pedreira. O DIÁRIO esteve no local em março deste ano e retornou para verificar a situação.
Nada parece ter mudado: sérios problemas de infraestrutura e higiene, muito lixo e entulhos impactam a qualidade de vida dos moradores. Em grande parte da extensão da avenida, as vigas dos guarda-corpos estão danificadas e, em alguns pontos, ausentes, um perigo para quem acessa o canal próximo à travessa Mauriti.
Isaias Pereira, de 29 anos, entregador de material de construção e residente há mais de 20 anos na área, descreve um cenário alarmante e lamenta a falta de uma solução eficaz.
“A situação é crítica. O pessoal queima lixo e joga de tudo no canal, e a prefeitura só aparece uma vez por ano para limpar. As muretas estão todas quebradas, e isso representa um grande risco, principalmente para os idosos e crianças que precisam passar por aqui”, afirma.
João Antônio Macedo, 38, arrumador de depósito, aponta para problemas similares no perímetro entre as travessas da Estrela e Timbó, em frente à passagem São Benedito. “Antigamente, tínhamos uma ponte aqui, mas agora é só mato e lixo. Os atrasos [na coleta] e a falta de manutenção contínua ainda são grandes problemas”, observa.
Ele ressalta a necessidade urgente de uma revitalização no local, sugerindo que o canal pode se tornar um espaço de lazer se for bem cuidado e avaliado por uma abordagem mais eficaz e com soluções duradouras. “Se olhassem mais para cá (bairro), poderíamos ter um ponto legal de acolhimento para curtir com nossos amigos e familiares”, diz.
O proprietário de uma oficina próximo à esquina da travessa Humaitá, Gerson Lopes, 54, destaca o impacto direto na segurança. “Há cerca de cinco anos, um carro caiu no canal devido à falta de muretas. O risco de acidentes é real e constante. Além disso, a falta de fiscalização permite que o lixo seja descartado de maneira irregular, principalmente à noite”, conta. Gerson diz que se sente impotente diante da situação, que também afeta seu trabalho e a qualidade de vida na área. “Na frente do meu ponto não deixamos descartar lixo, mas nem sempre é possível conter quem faz isso. Tem dias que, infelizmente, precisamos conviver com o odor desses resíduos”, complementa.
No perímetro final da Visconde de Inhaúma, próximo à Antônio Baena, o autônomo Amilton Alves Barreto, 43, também compartilha sua frustração. “A periferia está completamente esquecida. Aqui, o canal está cheio de mato e lixo. A limpeza é rara e mal feita. A prefeitura só aparece para limpar de vez em quando, e o mato cresce rápido porque não é limpo adequadamente”, critica.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), mas não houve resposta até o momento.