O mês de agosto floresceu os ipês da capital paraense. Ao longo da avenida Almirante Barroso, as espécies da planta já lançaram suas flores em vários tons de rosa, embelezando o caminho de quem transita pela cidade. Apesar da recente floração, os ipês se enchem de flores entre junho e setembro, quando o clima fica mais quente, propiciando o processo de reprodução da planta. Durante a manhã de ontem (19), as espécies chamaram atenção de quem passava por qualquer ponto da avenida. Alguns pararam, admiraram e registraram o evento anual.
Os ipês são árvores nativas do Brasil capazes de se adaptar aos vários ambientes espalhados pelo país, desde locais com temperaturas mais amenas, até cidades de clima mais úmido ou quente. Em Belém, os ipês também se adaptaram muito bem ao clima tropical da cidade por gostarem de luz em abundância. Durante o período chuvoso, o vegetal mantém as suas folhagens tradicionais. Em contrapartida, no período de alta temperatura a planta floresce dando um novo visual a paisagem de uma das principais avenidas da cidade, a Almirante Barroso.
“Vários fatores induzem o florescimento dos ipês, como temperatura, umidade, período de pluviosidade, nutrição do solo. O período de calor faz essa indução da florada dos ipês. A falta de água estimula o desbalanceamento hormonal e os meristemas caulinares da planta começam a se transformar em meristemas florais. É um mecanismo fisiológico de defesa em que ela produz flores e depois sementes porque entende que está sob risco, por conta da falta de água, e que precisa perpetuar a sua espécie”, explica o especialista em fisiologia vegetal, Cândido Ferreira Neto.
De acordo com o professor, são cerca de 300 exemplares da espécie de planta apenas no bairro do Marco. Sempre em tons de rosa, os ipês da capital paraense são essenciais ao paisagismo da cidade, já que embelezam e colorem a paisagem urbana. Contudo, esses vegetais não são recomendados na questão da arborização e conforto térmico devido a pouca capacidade de sombreamento durante a floração.
“Ela é importante para o paisagismo, mas não é uma planta muito indicada para a arborização urbana. Porque nesse período que Belém está mais quente, você verifica que as plantas lançam as flores, ficam bonitas, mas as folhas caem todinhas, perdendo bastante a sua copa e a área de sombreamento. Então, quando a cidade está mais quente precisa de mais sombra. Por isso, sempre indicamos balancear misturando com outras espécies para não ficar sem quase nenhuma sombra durante esse calor intenso naquelas áreas”, afirma Cândido Neto, doutor em ciências agrárias.
Além do paisagismo, esse tempo é propício para apreciação da floração da planta, o que pode causar uma boa sensação psicológica, já que o contato com a natureza acarreta em baixos níveis de estresse e ansiedade. “Além das pessoas irem às ruas fazer fotos, é um período em que muita gente vai para esses locais e se sente bem. Um momento em que a parte psicológica fica mais tranquila, sem ansiedade e estresse. Os ipês transmitem uma maior aproximação do homem com a natureza”, diz o professor.
EMBELEZAMENTO
A segunda-feira do dia 19 de agosto amanheceu mais colorida para Francisco Oliveira. Desde às 5h em trânsito entre a Região Metropolitana de Belém, ele logo notou que a avenida Almirante Barroso tinha ganhado tons de rosa vibrantes que se destacavam da cor cinza da via expressa do BRT. Amante da natureza, ele logo registrou a nova floração para enviar para família e grupo de amigos que ainda não tinham admirado a nova paisagem da capital.
“A gente percebe que a cidade fica mais bonita porque os ipês dão um toque de beleza muito peculiar e interessante. Essa florada chega a deixar a gente com o espírito mais alegre e ficamos mais impressionados com a natureza. Me interessei, bati foto para mandar no grupo da família com uma frase bonita e depois ainda vou editar para mandar pros meus amigos. Esse tom de rosa e roxo chamou muito minha atenção. Elas dão um toque ainda mais diferente quando mescladas”, observou o garçom, de 66 anos.
A florada dos ipês foi uma surpresa para a dona de casa Edricia Baía, 29, que percebeu as novas cores só meio da manhã de ontem (19). O contraste do rosa com o verde das tradicionais mangueiras foi o que mais a impressionou. “É a primeira vez que eu presto atenção nessas flores. Eu tô achando bonito e bem interessante porque, com certeza, dá um ar diferente na cidade”, disse.
O registro da floração das plantas foi ato garantido no celular de Francisco Santos, de 30 anos, porteiro. A caminho do trabalho, pela avenida Almirante Barroso, ele fez questão de parar e observar enquanto esperava pelo ônibus. As fotos, por sua vez, foram logo compartilhadas com os amigos, que gostaram bastante do que viram.
“Acho que dá uma vida diferente para a cidade. A gente vê mais árvores no centro de Belém, quase não tem árvores por aqui, então quando a gente vê as plantas dando flores já causa uma grande diferença no nosso dia, dá vontade de parar e ficar admirando”.