Ana Laura Costa
Nesta quarta-feira (27), o Mercado do Ver-o-Peso, completa 397 anos de história, destacando-se como um dos símbolos turísticos mais significativos da região, além da sua singularidade de cores, cheiros e sabores, que atraem turistas de todos os cantos do mundo. Além, é claro, de ser um espaço com centenas de trabalhadores, que fazem do complexo a segunda casa.
Para alguns, o complexo turístico pode ser um ponto de partida à espera do ônibus de volta para casa; ou uma passagem rápida para degustar e levar para a família frutas regionais e tropicais, castanhas e farinhas da região; assim como um espaço a ser descoberto com o olhar atento de quem vem de fora e não pôde ir embora da capital paraense sem antes sentir a brisa da Baía do Guajará e provar um peixe com açaí depois de passar no setor de artesanato e garantir as ‘lembrancinhas’ do lugar.
O fato é que, no complexo arquitetônico e paisagístico de 25 mil metros quadrados, composto por construções históricas como o Mercado de Carne e o Mercado de Peixe, cabe muito além de produtos que são comercializados diariamente.
Eloi Gomes, 57 anos, atua há três décadas no local, onde começou vendendo redes e hoje já comercializa bonés, mosqueteiros, chapéus e mantas para complementar a renda. Segundo ele, foi trabalhando no Ver-o-Peso que conseguiu sustentar-se, educar seu único filho e construir a casa própria. “Nós fazemos muitos amigos aqui, então, para mim, o melhor daqui é a convivência com os outros colegas, clientes daqui e de fora do Estado, e até do país, com quem interagimos diariamente. Me sinto feliz em atender a todos, fazer parte daqui. Até por mímica a gente se comunica, são muitas histórias que a gente vive”, afirma.
Dalci Cardoso da Silva, 73, trabalha há tanto tempo no complexo turístico que nem consegue precisar os anos. Sandálias, bolsas e carteiras fazem parte do acervo de produtos que ele comercializa. Pai de quatro filhos, o trabalhador entende que o Mercado do Ver-o-Peso precisa de um olhar cuidadoso todos os dias. Afinal, o complexo turístico abriga homens e mulheres que tornam o lugar marcante, oferecendo uma diversidade de produtos há décadas. “Este é um lugar histórico que precisa ser cuidado, assim como as pessoas que trabalham nele. Todos os dias, são dias para se fazer algo pelo Ver-o-Peso”, ressalta.
Alí foi onde a permissionária Joiciane Silva, de 28 anos, iniciou o seu primeiro emprego. O marido também trabalha no complexo turístico com venda de castanhas de todos os tipos. Já Joiciane comercializa cachaças artesanais, como as famosas de jambu, que fazem turistas se apaixonarem pela banca da jovem. “Há seis anos trabalho aqui, só com as vendas de cachaça. Fiz desse lugar a minha casa, ajudo a sustentar a minha primeira casa como meu trabalho diário aqui, e crio as minhas duas filhas. Acaba que o Ver-o-Peso faz parte da nossa história, né?”, comenta.
Dessa forma, o voto de aniversário não poderia ser outro. “A reforma do Ver-o-Peso, para ser um espaço melhor para nós, para os nossos clientes, né? Afinal é o cartão postal mais importante da capital, onde temos uma variedade de produtos que chamam a atenção dos estrangeiros”, destaca.
OBRA
O projeto de reforma do Ver-o-Peso está orçado em R$ 86 milhões, abrangendo as ruas João Alfredo e Santo Antônio. De acordo com a Prefeitura de Belém, o projeto abrange todas as áreas do local, incluindo estacionamento, feiras, Mercados de Carne, de Peixe, Pedra do Peixe e a Feira do Açaí. A Ordem de Serviço para o início das obras foi assinada no dia 29 de fevereiro, pelo prefeito Edmilson Rodrigues. A obra de reforma do Ver-o-Peso é uma das prioritárias na preparação da cidade para a realização da COP-30, em novembro de 2025. A obra começa pela Feira do Açaí e Ladeira do Castelo. A previsão de conclusão é de dezoito meses e será fiscalizada pela equipe do Departamento de Obras da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb).