Cintia Magno
O desabamento de 13 sacadas de um edifício localizado na Rua dos Mundurucus, no bairro da Cremação, assustou moradores e pessoas que passavam pelo local no final da manhã de sábado (13). De acordo com relatos de pessoas que presenciaram o acidente, a sacada do último andar do lado direito do Edifício Cristo Rei desabou e foi derrubando as demais sacadas de todos os andares inferiores, em sequência. Através de nota, o Corpo de Bombeiros Militar do Pará e Coordenadoria Estadual de Defesa Civil informam que não houve vítimas, apenas danos materiais na ocorrência.
Pouco tempo após o desabamento, militares do Corpo de Bombeiros já se encontravam no local que teve a área em frente ao edifício isolada. Diante dos escombros que ainda encobriam parte da entrada do prédio era possível ter uma ideia do susto passado por quem estava presente no momento da queda.
Moradora
Moradora do 8º andar do Edifício Cristo Rei, Maria Augusta, 70 anos, estava fazendo uma pintura no banheiro de casa quando ouviu o barulho. “Eu estava fazendo uma pintura na parede do banheiro e eu ouvi um barulho parece um carro derrapando na areia. Depois foi só o barulho das sacadas caindo. Eu tremia igual vara verde, só tive coragem de olhar pela janela da sala e aí que eu vi que eram as sacadas. Quando a última sacada caiu, ela veio trazendo as outras que ficavam em baixo”, contou, enquanto aguardava já fora do prédio. “Eu fiquei com medo, não sabia o que fazer, então, esperei os bombeiros que retiraram os moradores. O prédio está interditado, isso não vai ser de uma hora para outra, então, eu estou só esperando os meus filhos e vou para outro lugar”.
O susto também foi enorme para o arte-educador, Gilson Araújo, 48 anos. Morador do prédio vizinho ao Edifício Cristo Rei, ele estava andando pela calçada em frente ao prédio e, por muito pouco, não foi atingido pelos escombros. “Eu saí de casa com uma amiga para almoçar e a gente parou em frente ao prédio (Edifício Cristo Rei), bem debaixo da sacada porque ela estava editando um vídeo no celular. Eu falei pra gente se apressar porque eu estava com fome e a gente seguiu. Cinco segundos depois veio o barulho e o estrondo”, conta, ainda abalado pela situação. “A gente não entendeu absolutamente nada, só vimos a poeira subindo e quando eu olhei para trás já vi os fios do poste em chamas, então, a gente resolveu correr. Foi um susto enorme, eu ainda estou trêmulo aqui, ainda estou tentando me reestabelecer porque, na verdade, foi um livramento de Deus mesmo porque por uma diferença de cinco a dez segundos, no máximo, teríamos morrido, nem saberíamos o que tinha acontecido”.
Já o policial civil Jarson Silva, 47 anos, passava pelo local de carro, quando o seu veículo foi atingido por um pedaço de uma das sacadas. “A gente estava passando no momento e ouviu o barulho quando caiu. Eu imaginei, inicialmente, que fosse um poste e parei um pouco mais a frente porque veio puxando a fiação, mas quando eu saí que eu fui ver que tinha sido um pedaço da sacada que atingiu o teto do carro. Chegou a encostar o teto na minha cabeça porque afundou bastante o teto do carro, mas graças a Deus está tudo bem. Jamais ia imaginar uma coisa dessas, até porque não estava chovendo e nem nada. Estou aguardando para conversar com o pessoal dos Bombeiros e ver como vai ficar a situação”.
Escombros
Moradora de uma rua próxima ao edifício há mais de 40 anos, a autônoma Andréa Oliveira, 49 anos, disse que o desabamento ocorreu de repente, sem que ninguém tivesse percebido qualquer sinal. Ela estava dando banho na filha na hora do ocorrido e não esquece o cenário visto assim que se dirigiu à entrada de casa para tentar entender o que havia acontecido. “Foi muito feio. Nós ouvimos aquele barulho que parecia que estava desabando mesmo o prédio”, considerou. “Quando a gente correu para ver o que era, estava só poeira, estava tudo branco. A gente nem sabia o que estava acontecendo, depois que a gente foi entender que eram as sacadas. Foi muito feio mesmo. Foi de repente, a valência é que não atingiu ninguém”.
Enquanto moradores, vizinhos e pessoas que passavam pelo local aguardavam nas calçadas da Rua dos Mundurucus, equipes do Corpo de Bombeiros ajudavam moradores a retirar parte dos pertences do prédio e averiguavam as condições dos escombros. Moradores do edifício afetado apontam que havia uma obra em execução no último andar do edifício, porém, uma investigação ainda irá apontar as causas do incidente.
A Polícia Científica do Pará informou, através de nota, que o Núcleo de Engenharia Aplicada foi acionado para atender o caso. A perícia fez uso de um drone para capturar imagens, que ajudarão a elaborar o laudo que aponte a dinâmica e as causas do desabamento.