Grande Belém

Trabalhar na rua tem que ser com cuidados redobrados com a pele

Zaqueu Souza não abre mão do boné e afirma ter consciência da importância do protetor solar FOTO: WAGNER SANTANA
Zaqueu Souza não abre mão do boné e afirma ter consciência da importância do protetor solar FOTO: WAGNER SANTANA

Ana Laura Costa

Se quem está relaxando deve adotar certos cuidados para evitar os riscos da exposição ao sol, trabalhadores como vendedores ambulantes, mototaxistas e flanelinhas, que estão nas ruas da capital de segunda a segunda-feira, precisam ter atenção redobrada quando o assunto é proteger a pele dos raios solares.

A curto prazo, a médica dermatologista Adriana Simões explica que a exposição excessiva ao sol, sem os cuidados necessários, pode causar manchas na pele.

“A queimadura solar contínua e constante, leva ao bronzeamento imediato. E esse bronzeamento, ele fica quase que, entre aspas, perpétuo. Sabe aquelas pessoas que você pergunta se foi à praia e ela responde que não, que a cor dela é essa mesmo? Então, a cor dela não é essa, de fato. Acontece que ela se acostumou com aquele bronzeamento imediato, então quando falamos de lesão a curto prazo, são mais as manchas, manchas marrons, o bronzeamento imediato e as queimaduras”, disse.

A dermatologista também destaca que a queimadura pode virar doença dependendo do grau e insolação. “Profissionais como mototaxistas, motoboys, vendedores ambulantes, carteiros e outros mais, a longo prazo estão expostos a riscos maiores mesmos (…). Há uma lesão que as pessoas ignoram, chamada ceratose actínica, que é uma lesão pré-cancerígena, advindo de um dano solar contínuo e progressivo. Pessoas em geral que trabalham ao ar livre, também estão expostas a outras doenças que não percebe, como é o caso da leucodermia, que são as manchas brancas nos braços e pernas, mas essa é uma queixa mais estética, porque ela não tem grandes intercorrências para a saúde”, ressalta.

SOL

Consciente dos riscos a longo prazo, Felipe Gomes, de 27 anos, que trabalha como auxiliar em um estacionamento próximo ao Mercado do Ver-o-Peso, na capital, conta que não relaxa com os cuidados diários para proteger a pele do sol. “Estou aqui todos os dias, não tem como ignorar esse sol, né? Então uso sempre protetor solar, mangas compridas para cobrir bem os braços e, devido ao calor intenso que faz, sempre estou bebendo água, tomo bastante mesmo”, afirma.

E ele está certo. Segundo Simões, a água influencia na hidratação da pele e no bom funcionamento geral do corpo, diminuindo a sensação de fadiga e atuando como medida preventiva. E o protetor solar é fundamental. “Do ponto de vista do dano de pele, o protetor solar é um pouco mais eficaz quando se trata de proteção ao sol. Agora, quer melhorar a pele como um todo? A água entra como um perfeito aliado, além de prevenir a própria desidratação”, pontua.

A dermatologista ainda afirma que a concepção das pessoas acerca da fotoproteção está mudando. “Quase todos os entregadores de comida, por exemplo, tanto de bicicleta quanto de moto, usam aquela proteção ultravioleta na blusa, alguns com luvas nas mãos, de boné e isso é interessante, é o chamado método de barreira. Então, além do protetor solar, a melhor proteção também são as vestimentas, as blusas, calças, bonés, óculos escuros, luvas, tudo que puder cobrir”, comenta.

Quem não abre mão do boné é o vendedor ambulante Zaqueu Souza, de 49 anos. Mas, além dessa barreira de proteção, ele afirma ter consciência da importância do protetor solar. Isso porque, ultimamente, Zaqueu tem sentido ardência nos braços e pernas em função da exposição solar no decorrer do dia. “Quando tomo banho arde, é porque fico no sol o dia todo, né? E estou para comprar um protetor solar faz é tempo, mas de hoje não passa, vou comprar, tem que cuidar”, disse.

INCA

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de pele melanoma é o mais frequente no Brasil e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país. São mais de 175 mil casos por ano, estima o Inca.