Cintia Magno
A alternativa de se alimentar em restaurantes próximos ao trabalho no intervalo do almoço pode representar maior praticidade ao trabalhador em meio à rotina corrida, porém, o hábito pode vir acompanhado por um custo considerável no final do mês. Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT) aponta que, em Belém, o valor médio que o trabalhador paga ao fazer refeições fora de casa é de R$ 41,04, custo maior do que a média registrada na Região Norte, de R$ 36,14, e da média nacional de R$ 40,64.
Considerando o valor que o trabalhador paga ao fazer refeições fora de casa, durante o almoço, em restaurantes que aceitam vouchers/cartões refeição, a Pesquisa Preço Médio avalia os valores gastos pelos trabalhadores em 23 capitais de todas as regiões do país.
Em Belém, o valor médio apontado pela plataforma é de R$ 41,04, mas há variações de acordo com o tipo de refeição. O prato comercial ou prato feito, por exemplo, tem valor médio de R$30,88 na capital paraense. Já as refeições à la carte têm valor médio de R$110,97, o maior custo registrado pela pesquisa na capital paraense.
Mais do que o custo médio, a pesquisa também aponta o encarecimento dos gastos com alimentação fora de domicílio em Belém ao longo do ano. Quando comparados os números divulgados pela pesquisa e noticiados pelo DIÁRIO em fevereiro de 2022, se observa que o custo médio do trabalhador de Belém com refeições fora de casa passou de R$ 33,34 para os atuais R$ 41,04, um aumento de R$ 7,70 em cerca de 10 meses.
Em fevereiro, a capital paraense figurava na 16ª posição do ranking das capitais com os maiores custos médios pagos por refeições fora do domicílio, já em dezembro Belém subiu para a 10ª colocação.
O custo considerável para conseguir almoçar fora de casa é sentido pelo pescador Carlos Alberto da Silva, 53, sempre que ele precisa se deslocar de Soure, onde mora, para Belém. Todo mês ele vai a capital paraense para resolver demandas de serviços e, antes de retornar ao Marajó, precisa almoçar. Para driblar o custo da alimentação fora de casa, ele não titubeia em procurar o local mais em conta.
“Mês a mês eu tenho que vir pra Belém e antes de ir eu tenho que almoçar. Lá no porto eu não consigo comer porque uma carne assada tá R$25, então, como eu venho resolver umas coisas no centro, eu costumo comer no Ver-o-Peso que é mais em conta”.
Dentre as opções oferecidas no Mercado de Carne, Carlos Alberto optou por uma sopa. Garantida a refeição, restava esperar a volta para casa. “Depois de almoçar eu chego lá para o porto de novo pra esperar a viagem que é só 14h30. Se desse pra comer por lá seria até mais fácil, mas a gente tem que procurar onde tá mais em conta”.
PREÇO
Na tentativa de conquistar os clientes, muitos trabalhadores que atuam com a venda de refeições buscam ser justamente os que oferecem esse ‘prato feito’ mais em conta. Com um público grande formado em sua maioria por trabalhadores do comércio, a autônoma Maria de Nazaré Monteiro de Melo, 56 anos, faz de tudo para não aumentar o valor do PF.
“Tem gente que não tem condições de dar um valor muito alto numa comida. Então, a gente vai dando um jeito de segurar o preço pra manter a refeição em R$15 e mesmo assim tem clientes que pedem pra fazer por R$12 e a gente vai levando”, considera, ao calcular que chega a servir cerca de 30 refeições todos os dias, no horário do almoço, no Mercado de Carne.
“Tá tudo muito caro, principalmente a carne, mas se a gente não fizer isso, se aumentar muito o preço, não vende. Tem dias que a gente serve a calabresa, a carne assada de panela, o peixe a gente quase não tá fazendo porque está muito caro e assim vamos levando”.
Na área de refeições do Complexo do Ver-o-Peso, a autônoma Lúcia Santos, 57 anos, aposta na diversidade de proteínas oferecidas para tentar atender a todos os bolsos. Todos os dias, ela prepara e oferece aos clientes refeições com opção do peixe frito, do frango, da carne assada e da calabresa.
“A gente até precisa aumentar o valor porque está tudo caro, mas não pode porque os clientes reclamam. Tem que ir levando do jeito que dá porque a gente também precisa trabalhar”, conta, ao considerar os 39 anos de experiência na venda de refeições. “A gente dá várias opções para o cliente ver o que cabe no bolso dele, mas o que mais sai mesmo é o peixe frito com açaí, que tá R$ 18”.
REFEIÇÃO
Valor médio pago pelo trabalhador ao fazer refeições fora de casa, durante o almoço, em restaurantes que aceitam vouchers/cartões refeição.
BELÉM
Preço médio – R$ 41,04
Comercial/prato feito –
R$ 30,88
Autosserviço/quilo – R$ 39,61
À la carte – R$ 110,97
Executivo – R$ 49,87
CAPITAIS
Confira o preço médio que o trabalhador paga ao fazer refeições fora de casa nas capitais listadas pela pesquisa.
1. São Luis (MA) – R$ 51,91
2. Rio de Janeiro (RJ) –
R$ 47,09
3. Florianópolis (SC) – R$ 46,75
4. Aracaju (SE) – R$ 46,11
5. Natal (RN) – R$ 44,78
6. São Paulo (SP) – R$ 43,27
7. João Pessoa (PB) – R$ 42,76
8. Salvador (BA) – R$ 42,19
9. Recife (PE) – R$ 42,04
10. Belém (PA) – R$ 41,04
11. Vitória (ES) – R$ 39,66
12. Campo Grande (MS) –
R$ 39,22
13. Curitiba (PR) – R$ 38,38
14. Belo Horizonte (MG) –
R$ 36,83
15. Palmas (TO) – R$ 36,61
16. Cuiabá (MT) – R$ 36,61
17. Porto Alegre (RS) – R$ 36,12
18. Teresina (PI) – R$ 34,92
19. Maceió (AL) – R$ 34,76
20. Brasília (DF) – R$ 33,37
21. Manaus (AM) – R$ 31,91
22. Fortaleza (CE) – R$ 29,65
23. Goiânia (GO) – R$ 27,94
Obs.: As capitais Boa Vista (RR), Macapá (AP), Rio Branco (AC), Porto Velho (RO) não foram abordadas pela pesquisa.
Fonte: Pesquisa Preço Médio – Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT). Disponível em: https://www. abbt.org.br/ home# publicacoes