Grande Belém

Sem fiscalização da Prefeitura, usuários penam nos ônibus de Belém

Rotina de quem depende dos coletivos para se locomover pela capital não mudou desde o anúncio da chegada de novos veículos com wi-fi e ar-condicionado. Aos usuários, só resta mesmo esperar
Rotina de quem depende dos coletivos para se locomover pela capital não mudou desde o anúncio da chegada de novos veículos com wi-fi e ar-condicionado. Aos usuários, só resta mesmo esperar. Foto: Mauro Ângelo/Diário do Pará

A rotina de quem depende dos coletivos para se locomover pela capital não mudou desde o anúncio da chegada de novos veículos com wi-fi e ar-condicionado. Aos usuários, só resta mesmo esperar.

Os primeiros 20 ônibus com wi-fi e ar-condicionado, de um total de 300, chegaram a Belém no mês passado. Mas, até que os novos ônibus estejam operando, a população sofrerá com o atual sistema de transporte público na cidade.

Segundo relato dos usuários, os ônibus são velhos, com portas que não fecham direito e até com goteiras e bancos rasgados. Além disso, nas horas de maior fluxo de pessoas, os veículos andam lotados e demoram a chegar. E tudo ocorre sem a fiscalização da Prefeitura de Belém, responsável por liberar a concessão dos serviços às empresas.

Na parada de ônibus próxima ao Shopping IT Center, na av. Senador Lemos, na Sacramenta, várias pessoas aguardavam pelo transporte coletivo. Entre elas, estava a aposentada Lucinda Amaral, que esperava há mais de uma hora pela linha 643 (Pratinha-UFPA). “Eu vim até para perto do poste tentar uma sombra, porque já estou há muito tempo esperando o ônibus. A gente já passa um tempão esperando e quando chega estão lotados. A gente não tem para onde correr”, disse.

Atrasada para uma consulta médica, a empregada doméstica Carla Santos, usuária da linha 441 (Ceasa-Felipe Patroni), reclamou que estava esperando o ônibus há cerca de uma hora. “Tinha uma consulta marcada, mas já estou muito atrasada. Estou esperando o ônibus há mais de uma horta com meu filho. Não sei se vou conseguir ser atendida ainda, provavelmente terei que remarcar a consulta. Isso é muito frustrante, porque saímos com antecedência de casa para o nosso compromisso”, indignou-se.

“A nossa maior dificuldade é a frota reduzida, eu fico dependendo de um único ônibus para chegar no meu destino. Acredito que com os novos ônibus esse problema irá se solucionar”, espera.

Já na parada da av. Gov. Magalhães Barata, em frente ao Colégio Gentil Bittencourt, o Max Junior, que faz trabalho voluntário nas primeiras horas do dia, aguardava o ônibus para o seu trabalho em uma estética automotiva. Ele é usuário da linha 902 (Cidade Nova 6-Pres. Vargas). “Meu dia começa cedo, eu faço trabalho voluntário, chego em torno de 6h30 na Igreja e depois vou para o trabalho às 8h. Eu perco muito tempo esperando o ônibus”, conta.

Mais à frente, na parada da Escola de Ensino Técnico do Pará (Eetepa) Vilhena Alves, a técnica de enfermagem Raimunda Carmo aguardava há mais de 2 horas seu ônibus após largar seu plantão. Ela depende unicamente do ônibus da linha 902 (Cidade Nova 6-Pres. Vargas) para voltar para casa. “Eu tiro plantão no hospital aqui próximo, quando largo do serviço passo muito tempo esperando o ônibus aqui na parada. Hoje está bem movimentado, mas no final de semana se torna arriscado. Ainda tem o fato deles serem velhos, darem prego depois de demorar horas para passar. É muito exaustivo passar por isso diariamente, não tenho condições de ficar pagando transporte de aplicativo. Para quem vive uma rotina parecida com a minha, os novos ônibus vão facilitar bastante”, explica.

Texto de Trayce Melo