Grande Belém

Satélite faz 50 anos com muitos transtornos

Satélite faz 50 anos com muitos transtornos Satélite faz 50 anos com muitos transtornos Satélite faz 50 anos com muitos transtornos Satélite faz 50 anos com muitos transtornos
Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará
Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará

Trayce Melo

Como forma de protesto, moradores decidiram “comemorar” o aniversário de 50 anos do Conjunto Satélite, no bairro do Coqueiro, em Belém, em frente ao lixão que fica na entrada do conjunto, localizado na Rua Xingu com a Av. Mário Covas, na manhã de ontem (01).
O Conjunto Satélite foi inaugurado em 1974, com o projeto de ser uma agremiação de conjuntos que deveria estar localizada distante o suficiente para ser uma “cidade satélite”, por isso seu nome original era “Nuneslândia”. Na época, sob influência de Brasília, “cidades satélites” eram exemplos de boa urbanização e funcionamento, conforme mostra um folder promocional daquele período.

Com uma área de 755 hectares, o projeto original previa a construção de 1.704 unidades habitacionais. O então governador Alacid Nunes esteve à frente desse empreendimento que visava fornecer moradia para servidores civis em quatro estágios. Cada estágio programado possuía diferentes projetos de unidades. Cada modelo seria ocupado de acordo com o status funcional do proponente.

Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Como o projeto não foi pra frente, ficou conhecido como Conjunto Satélite. Atualmente é o único conjunto habitacional que tem polo turístico, que são o Parque dos Igarapés e a Cacinda, com áreas verdes de reserva, sendo 83% de mata de preservação ambiental em área federal. No conjunto também há a Igreja do Bom Remédio, que promove o Círio que move os moradores em setembro.

No entanto, a comemoração e a história do local são ofuscadas pelo acúmulo de lixo no local e a ausência de coleta seletiva. A situação incomoda moradores que convivem diariamente com o problema. Além disso, eles relatam as péssimas condições do asfalto nas vias públicas, que estão cheias de buracos, prejudicando os motoristas que trafegam pela área e trazendo uma carência de transporte público.

Transtornos

“Hoje (ontem) nosso conjunto completa 50 anos de existência, de amor e carinho com as pessoas. Mas infelizmente não temos muito o que comemorar de avanço e melhorias para a comunidade. O bolo de ‘comemoração’ foi o que a gente pensou para chamar a atenção do poder público”, desabafa o autônomo Bruno Couto, de 42 anos.

“Nesse trecho, na entrada do conjunto, que dá acesso a outros conjuntos habitacionais, a situação é lastimável. A gente já se depara com sujeira, entulhos, lixo doméstico, sofá, lataria, móveis de madeira e pneus com água. Isso é um risco muito grande para a população, ainda mais nesse período chuvoso e com tantos casos de dengue no nosso Estado. Nas primeiras ruas do conjunto você já vai ver as ruas esburacadas, com falta de saneamento básico, e a rua da Cosanpa com um mato enorme”, completa.

“Temos um bloco carnavalesco que sairia no dia 3 de março. Mas devido às ruas estarem intrafegáveis para passar com trio elétrico e armar um palco, a gente preferiu não sair mais por respeito à segurança dos moradores”, relata.

Bruno Couto também esclarece que o Satélite é o único conjunto habitacional que dá acesso a mais 3 conjuntos, que são o Tenoné, o Maguari e o Tocantins. Também é o único conjunto com a maior escola estadual, com alunos dos conjuntos Sideral, Sevilha, Pedro Teixeira, Tocantins, Tapajós e Maguari. “Não temos feira, não temos lotérica, temos uma deficiência com transporte público. Nós temos uma caixa d’água que não é limpa há muito tempo”, relata.

Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Outro morador, Jorge Pompeu, de 50 anos, chama a atenção para outro terreno na mesma rua que também está sendo utilizado como área para descarte de lixo doméstico e entulho. “Esse terreno é área de reserva ambiental e estão utilizando para descartar entulho”, afirmou.

“Eu sou funcionário público, mas também tenho alguns empreendimentos na área. Eu sou muito prejudicado por conta disso, o lixo toma conta das ruas e fachadas das casas. Só queríamos que as autoridades escutassem nossos pedidos e tomassem providências a respeito disso. Só queremos um pouco de dignidade onde moramos”, disse Pompeu.