Grande Belém

Reforma do Ver-o-Peso deve contemplar toda a feira; veja os detalhes

Previsão é que as obras iniciem nos próximos 60 dias, e envolvem todo o espaço, dos mercados até o estacionamento, ao custo de R$ 85 milhões. Recursos deverão vir do Ministério das Cidades
Previsão é que as obras iniciem nos próximos 60 dias, e envolvem todo o espaço, dos mercados até o estacionamento, ao custo de R$ 85 milhões. Recursos deverão vir do Ministério das Cidades

Luiz Flávio

As obras de revitalização e reforma do complexo do Ver-o-Peso, devem iniciar no segundo semestre e ser concluídas até o final do primeiro semestre de 2025. Ao custo de R$ 85 milhões, o projeto manterá as mesmas características e concepção da última grande reforma do espaço, também realizada na segunda gestão de Edmilson Rodrigues, em 2002, há 21 anos.

O empreendimento é prioritário para a Prefeitura de Belém como preparação da cidade para receber a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30), evento mundial que terá Belém como sede em 2025. A reforma vai contemplar todas as dependências do lugar mais icônico de Belém: estacionamento, feiras, mercados de Carne, de Peixe, Pedra do Peixe, chegando à Feira do Açaí. Um projeto completo de manutenção e adequação de todo o espaço.

A Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) já tem em mãos o projeto conceitual da obra e deve receber nos próximos dias o projeto executivo que será encaminhado para a licitação, com todas as aprovações e anuências dos órgãos patrimoniais do município (Fumbel), Estado (DPHAC) e da União (IPHAN). “Com este kit em mãos publicaremos o edital de licitação ainda este mês e as empresas terão um prazo de 30 dias para se habilitarem e apresentarem as propostas. Da publicação do edital até o início da obra acreditamos que decorra um prazo entre 45 a 60 dias”, contabiliza Davison Alves, secretário municipal de Urbanismo.

A prefeitura decidiu incluir também no projeto a chamada Via dos Mercadores nome de uma das primeiras ruas de Belém, hoje denominadas João Alfredo e Santo Antônio. Segundo os historiadores, a “Via dos Mercadores” recebeu este nome no século XVII, por situar-se às proximidades da área comercial e do porto da cidade, onde hoje se encontra o Ver-o-Peso e o Forte do Castelo.

A ideia da prefeitura é reintroduzir o bondinho elétrico nas ruas do centro comercial, projeto que Edmilson Rodrigues tentou implantar na sua segunda gestão, mas sem sucesso, sendo interrompido em 2005.

“Seria uma grande obra, uma das mais importantes que serão feitas na cidade para a COP-30, tendo em vista que o projeto da feira se comunicará com o projeto do Boulevard da Gastronomia que também estamos executando, a poucos metros da feira, formando um grande complexo do centro histórico de Belém totalmente revitalizado”, destaca Alves. As obras do Boulevard da Gastronomia iniciaram em novembro do ano passado e já estão com 30% das obras realizadas. A meta da secretaria é entregar a obra completa até o Círio deste ano.

O secretário afirma que a reforma de uma feira como o Ver-o-Peso é um processo complexo que envolve a mobilidade dos feirantes que atuam no local que terão de ser remanejados para áreas do entorno do complexo para não terem prejuízos nas vendas.

“Termos que viabilizar uma feira provisória para onde esses trabalhadores serão remanejados em etapas. Toda as obras do porte dessa há transtornos, mas no fim eles receberam um equipamento totalmente moderno e reformado, o que se refletirá no seu faturamento. O planejamento está sendo grande e envolve uma força tarefa de vários órgãos municipais”, avalia

Uma das grandes novidades do projeto é a acessibilidade no complexo, o que hoje é limitada. “Mantivemos um diálogo com os permissionários e usuários faremos algumas modificações e adaptações pontuais no espaço da feira para a melhor circulação dos clientes e usuários do espaço. Como falei, o projeto original será mantido, mas com funcionalidades que vão melhorar a vida de todos que lá frequentam. Vamos deixar um grande legado de obras na cidade para a conferência e pós-conferência do clima”, coloca.

 

Feirantes vivem expectativa para melhorias no local

Pryscila Soares

No último dia 17 de junho, a Prefeitura de Belém assinou com o governo federal, por meio do Ministério das Cidades, um protocolo de intenção de reforma do Complexo Ver-o-Peso. De acordo com a administração municipal, trata-se de um projeto de manutenção e adequação de todas as dependências, incluindo o estacionamento, a feira livre, Mercado de Carne Francisco Bolonha, Mercado de Ferro (Peixe), Pedra do Peixe e a Feira do Açaí.

De acordo com dados da prefeitura, que administra o espaço por meio da Secretaria Municipal de Economia (Secon), existem 1.193 permissionários atuando em todo o complexo. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

De acordo com dados da prefeitura, que administra o espaço por meio da Secretaria Municipal de Economia (Secon), existem 1.193 permissionários atuando em todo o complexo. O quantitativo de trabalhadores na área é certamente ainda maior, levando em consideração os ajudantes e ambulantes.

A reforma do complexo é algo muito aguardado por essas pessoas, que dão vida ao Ver-o-Peso e fazem a economia daquele espaço girar. Na feira livre do complexo, por exemplo, os trabalhadores dos diversos setores anseiam por um espaço mais estruturado para desenvolver as atividades. Entre eles está Isaias Sena, 55 anos, que dedica mais de 20 anos de trabalho ao local e hoje atua no setor de cachaças. Ainda há muitas especulações acerca das obras que devem ocorrer no espaço.

“O Ver-o-Peso está precisando mesmo de uma obra. Faz tempo que a gente espera. Queria ver essa feira aqui mais bonita, mais estruturada. Ela mais bonita, chama mais turismo. Falam tanto da feira do Ver-o-Peso, que é uma feira aberta, aí a pessoa chega aqui e diz ‘poxa! Pensava que era uma feira mais bonita’. Está faltando mais olhar para o Ver-o-Peso, que é uma feira onde você encontra de tudo. Tem muitas pessoas que vêm de São Paulo, Rio e outros estados e querem ver uma feira bonita. Nós precisamos de uma estrutura maior de segurança também, que a gente não tem”, pontua.

Proprietária de um box no setor de polpas de frutas, Nazaré Barros, 59, dá continuidade à atividade iniciada pela avó naquela feira. A trabalhadora está animada com a possibilidade de uma reforma do espaço e, consequentemente, com uma possível melhora nas vendas.

“Aqui eu tenho quatro ajudantes e mais o meu filho, que trabalha comigo. A gente tem um potencial muito grande para o turismo e acho que não é explorado. Tem que fazer isso mesmo. Vai ser muito bom para a gente, para alavancar nossas vendas”, diz.