Cintia Magno
Enquanto a rotina corrida da cidade segue o seu curso do lado de fora, no espaço amplo instalado entre duas avenidas, há quem mantenha a rotina de exercícios, quem aproveite a folga para brincar com os filhos e até quem encontre o local ideal para ensaiar uma apresentação de dança. Caracterizados por possibilitarem o maior contato com a natureza mesmo nos centros urbanos, os parques urbanos atraem visitantes nas diferentes regiões metropolitanas das capitais brasileiras. A 4ª edição do estudo ‘Parques do Brasil: Percepções da População’, realizado pelo Instituto Semeia, aponta que 82% das pessoas já estiveram em um parque urbano do Brasil, sendo que 48% apontam que a principal motivação para frequentar esses espaços é poder sair de casa e passear.
Sair um pouco de casa é tudo o que as jovens Carol Cardoso, 24 anos, e Fabielle Miranda, 20 anos, procuram nos dias mais quentes. Em busca de um espaço que possam praticar a atividade preferida e, ainda, aproveitar a ventilação embalada pela natureza, há pouco tempo elas passaram a frequentar o Parque Urbano Belém Porto Futuro, no bairro do Reduto. “A gente veio num sábado com um grupo de amigos e decidimos voltar de bicicleta. Acho interessante a gente ter espaços como este na cidade, até para a gente conhecer e se conectar mais com a natureza no meio dessa selva de pedra”, considera Carol, que é estudante de música. “Eu pretendo voltar porque é um lugar muito bom e também com esse calor que está fazendo é um lugar legal para sair, pegar um vento. É muito bom mesmo vir aqui e ter um lugar pra fazer alguma coisa ao ar livre, andar de bicicleta que é uma coisa que a gente gosta muito de fazer”, complementa Fabielle.
Recebendo uma média de 69.701 pessoas todos os meses, o parque administrado pela Secretaria de Estado de Cultura do Pará (Secult) é voltado ao lazer e à prática de atividade física. Entre as estruturas compostas por pistas de corrida e ciclismo, lago artificial, área de exposições para artesanato e shows, o local preferido da pequena Diana, de três anos, é o playground. “A gente vem bastante porque a gente tem uma filha de três aninhos e é um ambiente muito legal para ela, é bem estruturado o espaço para a idade dela”, avalia a mãe da Diana e estudante de psicologia Raquel Oliveira, 30 anos.
Com a vantagem de morarem próximo ao local, Raquel conta que ela e o esposo, o médico Renan Carvalho, costumam levar a filha ao parque sempre que estão de folga, pelo menos duas vezes na semana. Para a família, o momento gasto em meio à natureza é sinônimo de mais saúde para todos. “Até por causa da nossa área de atuação profissional, a gente preza muito a questão da saúde, estar com a natureza. Hoje a gente está adoecendo muito por falta de contato com a natureza. Para ela [a filha Diana], por exemplo, eu não permito telas e, por isso, a gente tem que mostrar outras coisas e atividades pra ela, para distrair”.
Considerando os benefícios proporcionados por parques a céu aberto, em que há o maior contato com a natureza, Raquel considera importante que cada vez mais espaços como este estejam presentes na cidade. “Acho que deveria ter espaços como esse em toda a cidade. A gente tem o privilégio porque a gente mora aqui, mas eu queria que tivesse o mesmo em vários bairros porque a gente sabe a necessidade principalmente da saúde mental”.
Essa também é a opinião da estudante Eloise Pinheiro, de 17 anos, que costuma frequentar o Porto Futuro não apenas para praticar exercícios, mas também para a promoção da arte. “Eu venho bastante aqui. Eu gosto de caminhar aqui, às vezes, e a gente também vem para ensaiar. Eu acho que é necessário ter espaços como esses porque ajuda quem gosta de realizar arte e até para hobby mesmo. Então, eu acho bem interessante ter esses espaços em Belém”, considera a estudante, enquanto aproveitava o espaço amplo para ensaiar uma apresentação de K-pop.
As diferentes nuances da interação entre a população das cidades com os parques urbanos e ainda com os parques naturais foi analisada durante o estudo ‘Parques do Brasil: Percepções da População’. Ao todo, a pesquisa ouviu 1.539 pessoas nas 10 regiões metropolitanas do país, sendo as duas maiores de cada região do Brasil, incluindo Belém. Entre as percepções obtidas através das respostas dos entrevistados está a de que os parques despertam sentimentos e sensações como liberdade, paz, aproximação da natureza e relaxamento para os seus visitantes.