A audiência de continuidade do processo que apura a responsabilidade criminal de um grupo de 13 acusados(a)s de instalar falsas casas lotéricas está agendada para o dia 8 de fevereiro. Mais de 50 pessoas foram vítimas do golpe que, ainda, não tem o valor total do montante arrecadado.
No dia 12 de dezembro, foi iniciada a instrução do processo. A esposa de um dos réus, que cumpre pena em prisão domiciliar, esteve presente no Fórum; sete réus participaram por videoconferência (dentre eles, quatro participaram do presídio de Marituba, onde estão detidos); e quatro estão foragidos.
O golpe aplicado em 2021 consistia em montar lojas em bairro populoso e os golpistas passavam de dois a três dias no imóvel alugado para esse fim, efetuando o pagamento somente de uma parte inicial da locação. Nas falsas lojas, o grupo só recebia valores pagamentos, que podia ser boletos de água, energia elétrica, cartão de crédito, entre outros serviços.
A maioria das vítimas, composta por aposentados e aposentadas na faixa etária entre 60 a 70 anos, usou as falsas casas lotéricas para pagar seus boletos de cada mês. Um deles disse ter estranhado que os valores recebidos eram colocados em um balde plástico e não emitiam comprovante dos pagamentos recebidos, que eram mostrados na tela do aparelho de telefone do grupo.
Mais de 60 pessoas deixaram algum valor da aposentadoria para efetuar pagamentos numa das falsas casas instaladas na José Bonifácio, no bairro do Guamá, em Belém e outra no Jardim Ananindeua, BR-316, Cidade Nova, em Ananindeua, que usavam como máquinas aplicativos de aparelho celular. Quando percebiam que os boletos não estavam quitados e percebiam o golpe, formalizaram o boletim de ocorrência em sede policial.
Os valores dos pagamentos feitos pelas vítimas oscilava entre 120 a mais de mil reais. Os golpistas abriram as duas lojas e chegaram até a contratar os serviços de propaganda do bike-som, que anunciava no bairro “A Nova Lotérica”, acrescentando “sem filas para quem não pode ficar várias horas nas filas para pagar suas contas”. O dono do bike-som só recebeu uma parte do pacote pela propaganda e faltou o pagamento de mais de R$ 700,00.
Uma senhora, que preferiu não revelar seu nome, disse que “meu marido não sabe que estou aqui, na Justiça”, justificou no dia da audiência e contou que sua amiga e vizinha fez pagamento do total do cartão de crédito em torno de mil reais. A amiga não foi à delegacia por vergonha de ter caído no golpe.
Outro aposentado, com dificuldade de locomoção, relatou no dia da audiência que também precisou pedir dinheiro emprestado para pagar novamente sua conta de energia elétrica a fim de não correr risco de desligamento por falta de pagamento. “Quando percebi que cai num golpe, retornei na loja no dia seguinte e já estava tudo fechado”, disse o idoso.