Trayce Melo
Mesmo com a comodidade das grandes redes de supermercados e varejões, as feiras livres ainda atraem muitos consumidores e proporcionam o sustento de milhares de famílias. Elas estão localizadas nos mais diferentes bairros. O Mercado do Ver-o-Peso, no centro de Belém, concentra atrativos para turistas e conterrâneos.
Orivaldo Silva, de 67 anos, vendedor há mais de 47 anos de misturas no Ver-o-Peso, explica que o segredo para atrair a freguesia é o atendimento. “O segredo para atrair a freguesia é o bom humor, proporcionando sempre a melhor experiência na hora de comprar. Aqui o cliente compra muito gastando pouco”, diz.
Nesses locais a palavra ainda vale mais do que o código de barras, pois no grito do feirante ou na pechincha dos consumidores as feiras livres vão sobrevivendo. “A gente sempre pode negociar o valor da compra quando o cliente que já é da casa pede um desconto. Além disso, a criatividade na hora de vender conta muito. Aqui também o cliente pode ver o produto e provar”, afirma.
Em outros momentos, ele faz brincadeira com algum feirante vizinho. “A gente tem planos, mas não quer sair daqui. A gente acaba conhecendo as pessoas e fazendo amizades. São muitos anos trabalhando nesse mercado, eu tenho muito orgulho de tirar o sustento da minha família dessa profissão. Aqui eu tenho amigos vendedores de muitos anos, a gente compartilha nossas histórias, brinca e toma café juntos”, disse.
O vendedor de farinha Davi Furtado, de 84 anos, vive uma história de mais de 58 anos no mercado. Ele conta que, conforme relatos de alguns clientes, eles vão à feira atrás de preço e a outra metade vai porque gosta de conversar. “Talvez essa seja uma boa vantagem competitiva das feiras livres em relação aos supermercados, uma vez que a feira vira um espaço de lazer e descontração”, comenta.
Ele conta que já apareceram muitas oportunidades de deixar a atividade, mas ele não consegue porque faz o que faz por amor. “Sentimento que parece estar presente em todos que trabalham na feira. Eu não tinha nada quando cheguei aqui, fui adquirindo trabalhando duro aqui. Daqui eu tirei o sustento da minha família e criei meus filhos. Acho que o segredo para atrair a freguesia é trabalhar com honestidade e tratando todos bem”.
Fátima Gomes, de 68 anos, diz que tem uma relação de amor com a feira. Ela é cliente fiel da barraca do Davi. “Eu gosto muito da farinha da barraca do Davi, eu sempre compro aqui. Na verdade, estou sempre aqui na feira. Tudo que eu vejo eu compro. Gosto de andar pela orla, poder provar as frutas e ver se estão boas. Tudo isso ao ar livre”, fala.
Consumo
Outra feira é a da Pedreira. A autônoma Rosemeire Marinho, 59 anos, diz que troca um supermercado para percorrer as feiras livres. “As feiras proporcionam alimentos mais frescos e têm mais opções de escolha. Ainda dá pra pedir um desconto entre uma compra e outra”.
Segundo Rosemeire, outra vantagem de comprar em feiras é poder escolher os alimentos com mais cuidado. “A pessoa tem um acesso mais direto ao produto”.
A missionária Marilda Sena, 61, só compra frutas, legumes e verduras em feiras. “Nas vezes em que comprei frutas em supermercados paguei mais caro do que pago na feira, ainda acabei perdendo na qualidade. Nas feiras você pode escolher, nos supermercados vendem muitos produtos já embalados”.