Grande Belém

Prédios abandonados podem servir de moradias após a COP 30 em Belém

Ana Laura Costa

Desde que Belém foi confirmada como sede da COP-30, em 2025, ações e projetos estruturais vêm sendo discutidos para recepcionar o maior evento de debates climáticos. Para atender a demanda esperada de 60 mil participantes na conferência e suprir o déficit hoteleiro, por exemplo, o Comitê Executivo Municipal da COP-30, analisa transformar sete prédios federais, atualmente desocupados e abandonados, em hotéis. Os prédios foram mapeados pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU).

Dois deles ficam situados em bairros centrais da capital paraense: o antigo prédio da Receita Federal, no bairro da Campina, e o do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no bairro de Nazaré. As reformas seriam gerenciadas pela iniciativa privada por meio de alienação ou cessão onerosa. De acordo com o coordenador do comitê, Luiz Araújo, ainda não há data para o início das reformas, a alternativa está sendo cautelosamente analisada. “Estamos buscando todas as alternativas que garantam receber bem o fluxo de pessoas durante a COP-30 na cidade. Então estamos analisando as propostas, considerando se é atrativo para o setor hoteleiro, que sofreu durante a pandemia”, ressalta.

O coordenador reforçou que, com a conferência na capital paraense, espera-se a geração de emprego em várias pontas e que a prefeitura trabalha em oferecer um programa de qualificação profissional aos trabalhadores do ramo alimentício e de hospedagem. Ainda segundo o coordenador, melhorias estruturais nos hotéis já existentes também estão no radar. Outro ponto destacado por Luiz Araújo, é a possibilidade de os hotéis serem usados posteriormente como moradias para beneficiários de programas habitacionais como o “Minha Casa, Minha Vida”, do governo federal.

“Estamos discutindo a probabilidade desses prédios, passada a COP-30, servirem de moradia, nem tudo vai para o setor hoteleiro. Somos favoráveis à geração de emprego e renda que essas reformas vão trazer, assim como também somos favoráveis à moradia popular, até porque as moradias também movimentam a economia com demanda de serviços, mercados, padarias. São questões que precisam ser mediadas”, destaca.

CAMPINA

Quem presenciou o incêndio que atingiu o antigo prédio da receita federal, em 2012, e avaliou positivamente a reforma foi o taxista Mário Nascimento, de 59 anos. Morador do bairro da Campina, ele afirma que quanto mais prédios ociosos, mais situações degradantes, portanto, prédios abandonados precisam ser ocupados. “Esses locais ociosos são usados para um monte de situações ruins como ponto de prostituição, uso de drogas e até roubos. Então tem que se ocupar para afastar esse tipo de situação ruim. Acredito que esse evento vai movimentar a cidade e essa iniciativa vai gerar emprego para as pessoas daqui, então é ótimo!”, disse.

O vendedor ambulante Francisco Moreira Maciel, de 66 anos, também cita que a iniciativa vai afastar a criminalidade e gerar renda aos trabalhadores e suas famílias. “Local desocupado só chama atenção para coisas que não prestam, então acho que é uma boa ideia dar utilidade a esses prédios que podem muito bem servir para garantir emprego à população e moradia”, afirma.

FOTOS: WAGNER ALMEIDA