Grande Belém

Praça Batista Campos, um oásis natural e histórico no meio de Belém

A praça Batista Campos é um dos principais espaços de lazer de Belém e guarda parte das mudanças históricas da capital, mantendo muito da sua arquitetura e da beleza originais nos dias de hoje. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
A praça Batista Campos é um dos principais espaços de lazer de Belém e guarda parte das mudanças históricas da capital, mantendo muito da sua arquitetura e da beleza originais nos dias de hoje. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Diego Monteiro

A Praça Batista Campos e sua belíssima arquitetura de influência francesa é um dos espaços mais bonitos de Belém, mas não apenas isso. É um espaço histórico e ambiental, com três mil metros quadrados usados para a prática de atividades físicas, lazer ou simplesmente para quem quiser sentar e ter um pouco de sossego.

A praça possui numerosos corredores para aqueles que desejam realizar uma caminhada, além de ter vários coretos, pontes e chafarizes. E para quem deseja se refrescar, pode fazê-lo por meio de mais de 20 pontos de venda de água de coco, atividade que já se tornou tradição e que atrai diversos visitantes.

Carlos Costa, 44 anos, é um desses vendedores. “São 25 anos trabalhando aqui”, lembra o autônomo. “Por ter tanto tempo na Praça posso dizer como era e como ela está hoje. Sem dúvida é um espaço maravilhoso, que passou por modernização e oferece uma energia muito boa para quem aqui vem. Me sinto bem quando vejo as pessoas passeando, com os animais ou as crianças”, diz.

A Praça Batista Campos e sua belíssima arquitetura de influência francesa é um dos espaços mais bonitos de Belém, mas não apenas isso. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

“No entanto, assim como existem muitos aspectos positivos, o espaço precisa de atenção especial do poder público, pois algumas melhorias são necessárias para resgatar o conforto que muitas pessoas encontravam há alguns anos. As calçadas estão com pedras soltas com alguns desníveis perigosos, faltam lixeiras, além da necessidade de mais segurança para prevenir assaltos”, destaca Carlos.

Adriana Santana, 46, concorda. “Venho aqui há 30 anos e amo, pois é onde encontro paz. Lembro que quando era mais jovem, este era meu refúgio para escapar do estresse diário. Hoje, trago meu filho para passear, mas já foi melhor. Um dos lugares favoritos dele são os brinquedos, mas hoje estão quebrados, e ele mal consegue usá-los”, detalha a técnica de enfermagem.

HISTÓRIA

No século XIX, a praça era conhecida como Largo da Salvaterra, devido ao nome da proprietária do terreno, Maria de Figueira e Salvaterra. Após seu falecimento, o local passou a ser propriedade da Câmara Municipal de Belém e foi rebatizado como Praça Sergipe, em homenagem à nova província do Brasil. Em 1897, em tributo a um dos principais personagens da Cabanagem, passou a se chamar Batista Campos, em homenagem ao cônego e jornalista, morto em 1834.

É importante ressaltar que, naquela época, o terreno era um largo simples com algumas mangueiras e um canteiro central. Quando foi reinaugurada em 14 de fevereiro de 1904, já era uma das praças mais bonitas da capital. Há dois anos morando na cidade, Yasmin Juciele, 22, revela que o logradouro é seu o ponto favorito, sendo este visitado com frequência pela vendedora.

Dentre os vários pontos que a Praça Batista Campos dispõe, chamam a atenção da jovem os coretos e as árvores. “É um ambiente onde posso relaxar e desfrutar do contato com a natureza. Claro que precisa de melhorias, mas isso não impede que estejamos aqui. Quando não estou sentada no coreto, estou andando, apreciando cada detalhe. Essas coisas não existem na minha terra”, conta Yasmin.

O crescimento daquela área começou a partir de 1897, no período Belle Époque. Na época, a Praça Batista Campos foi palco de várias peças de influência estrangeira. O famoso castelo de pedras, por exemplo, era usado para pequenas encenações teatrais, destacando-se as festas japonesas que eram frequentemente realizadas naquele ponto específico.

A Batista Campos é uma das poucas praças com boa arborização construídas no século XIX e que ainda se preservam, além do fato de que desde sua fundação, a estrutura foi pouco modificada. A praça foi tombada pelo município em 1983. “Esperamos que ela continue assim, bela, por muitos e muitos anos, pois é um espaço que pertence ao povo”, concluiu o flanelinha, Edson Gonçalves, 41 anos.