Grande Belém

Possível reativação do Aurá gera críticas da sociedade civil

Possível reativação do Aurá gera críticas da sociedade civil Possível reativação do Aurá gera críticas da sociedade civil Possível reativação do Aurá gera críticas da sociedade civil Possível reativação do Aurá gera críticas da sociedade civil
Aterro do Aurá foi desativado em 2015 por não ter mais capacidade de receber lixo.

Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.
Aterro do Aurá foi desativado em 2015 por não ter mais capacidade de receber lixo. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Carol Menezes

É negativa a repercussão em diversos setores do anúncio da possibilidade de reativação temporária do aterro sanitário do Aurá para destinação dos resíduos sólidos da Região Metropolitana de Belém (RMB), após o encerramento, em 1º de dezembro próximo, das atividades do aterro de Marituba, em razão da ordem por parte do Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA). O local foi fechado em 2015 em situação de incapacidade para continuar recebendo lixo.
O comunicado foi feito durante uma coletiva de imprensa realizada pela Prefeitura de Belém com o prefeito Edmilson Rodrigues (PSOL) na última sexta, 24. Presidente da ONG Pará Solidário, que há vários anos tem atuação no entorno do Aurá, Sofia Paz afirma que a medida não seria apenas descaso com a população, mas um crime contra a humanidade. “Vamos todos sofrer com mais incêndios, mais rios contaminados, aumento da pobreza, além de desmatamento ilegal do que ainda resta de floresta em pé para receber todo o lixo”, avalia.
De acordo com ela, o trabalho de milhares de voluntários significou um investimento de R$ 4 milhões em doações nos últimos cinco anos para acabar com a miséria do local. “Vai ser jogado no lixo”, revolta-se, contando ainda que pretende deixar a capital paraense para morar em outra cidade, e ainda que não fez denúncias formais sobre a possível reativação do Aurá por já ter sofrido muitas perseguições políticas em um passado recente.
“Estamos vivendo ao vivo o porquê de Belém ser tratada com desprezo, o motivo de quem quer uma cidade melhor desistir e ir embora, é isso o que vai acontecer. Desistimos de ajudar os venezuelanos por perseguição política da prefeitura passada [de Zenaldo Coutinho, PSDB, 2013-2020] e estamos perto de desistir de tudo por causa dessa prefeitura [administrada desde 2021 por Edmilson Rodrigues, do PSOL]. A sociedade civil é constantemente desrespeitada por esses prefeitos. Vão acabar com a saúde de todos, desde a classe mais privilegiada aos mais carentes”, denuncia.

COP 30

Ainda segundo Sofia, se o Aurá for mesmo reaberto para destinação de resíduos sólidos, Belém vai sediar a 30ª Conferência das Partes (COP 30) ao mesmo tempo em que lida com incêndios e crimes ambientais naquela área “assinados pelas mãos desse prefeito que nunca pisou no lixão do Aurá para ver qual altura de lixo que está lá dentro, e que provavelmente não está preocupado com isso”.

Fiepa diz que reabertura seria revés para política ambiental

A Federação das Indústrias do Pará (Fiepa) emitiu uma nota intitulada “Decepção ambiental”, condenando o anúncio de Edmilson, que seria o atestado de incapacidade de solução para o problema. A entidade declara estar à disposição para contribuir na busca por uma saída de fato viável.
“Enquanto os Estados lutam para encontrar formas de encerrar os seus aterros, a notícia da reabertura do Aurá é inaceitável: é um revés para a política ambiental e um certificado de falência para a sociedade. Ao mesmo tempo que falamos em agenda climática, energia sustentável, cidades inteligentes, não podemos aceitar que a Região Metropolitana de Belém, importante capital brasileira, situada na porta de entrada do bioma Amazônia e escolhida para sediar a COP 30, não seja capaz de ter soluções eficientes para o tratamento e disposição final de seus resíduos urbanos”, destaca o texto divulgado pela Fiepa com assinatura do presidente, Alex Dias Carvalho, e de José Maria da Costa Mendonça, que preside o Centro das Indústrias do Pará (CIP).

Ananindeua

A Prefeitura de Ananindeua foi procurada pela reportagem do DIÁRIO e informou que só se posicionará após uma audiência marcada para a manhã desta terça, 28, para tratar tanto dessa possibilidade de reativação do Aurá como sobre a destinação do lixo produzido por aquele município a partir de 01/12. A assessoria de comunicação não informou nem local, nem horário e nem quem foi chamado a participar da reunião.

Nota do Ministério Público do Pará

No fim da tarde de ontem, 27, o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) publicou uma nota destacando que, até o momento, “órgãos públicos municipais, em especial Belém, Ananindeua, Marituba, e o Estado do Pará, não deram cumprimento a nenhum dos acordos firmados perante o Egrégio Tribunal de Justiça do Pará, não apresentando até o momento qualquer solução para a destinação definitiva de resíduos sólidos oriundos de seus municípios”.
Na mesma manifestação, o MPPA reforça, sobre uma possível “solução emergencial, como a proposta de reutilização do aterro do Aurá”, que a iniciativa deve observar o cumprimento da legislação ambiental, “ressaltando que o tratamento e destinação final de resíduos é essencial para a higidez ambiental e saúde humana e não pode ser chancelado sem o mínimo bom senso e o atendimento integral da ordem jurídica”.