Patrimônios revelam uma Belém rica, histórica e imponente

Pryscila Soares

Diversos monumentos e espaços remontam a rica história e a cultura marcante da capital paraense, que este ano completou os seus 407 anos de fundação. Belém possui, por exemplo, expressivos aspectos culturais e religiosos, que colocam a cidade numa importante e interessante rota turística e histórica. O olhar do turista que se volta para a região amazônica encontra aqui um surpreendente universo a ser explorado.

E, pensando em atrair esse turista e até mesmo mostrar a cidade para quem vive aqui, muitos desses espaços abrem suas portas para que as pessoas entrem e façam uma viagem pelo tempo para entender como se deu a construção daquela que é considerada a metrópole da Amazônia.

Situado no centro da cidade, no bairro da Campina, um dos monumentos que desperta a curiosidade de quem vem a Belém é o Theatro da Paz, que possui um serviço de visita guiada de terça a domingo, em horários diferenciados.

Fundado em 15 de fevereiro de 1878, a suntuosidade do Theatro da Paz impressiona quem visita o espaço. O público não só aprecia a beleza e a imponência desse ícone da capital paraense como tem a oportunidade de conhecer mais a fundo vários momentos históricos da cidade por meio dessa experiência no local.

Dentre eles, destaca-se a Belle Époque, período no qual Belém foi considerada “A Capital da Borracha”. O Theatro da Paz foi construído neste período, atendendo a uma demanda da alta sociedade da época, os barões da borracha, que ansiava trazer para Belém traços da cultura e arquitetura europeia.

E, com isso, o Theatro foi erguido com uma arquitetura ao molde europeu, mas com um embelezamento eclético e fortes características amazônicas. À época, o governo da província contratou o engenheiro militar José Tibúrcio de Magalhães, que deu início ao projeto arquitetônico inspirado no Teatro Scala de Milão (Itália). O visitante tem a oportunidade de conhecer cada detalhe e embarcar nessa história durante a visita.

ANIVERSÁRIO

No próximo dia 15, o Theatro da Paz vai completar 145 anos de fundação e, além de uma programação especial com apresentações da Amazônia Jazz Band (15) e da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (16), entre os dias 15 e 19 deste mês, a visita guiada será gratuita como forma de comemoração.

O Theatro dispõe de 744 lugares, para venda na bilheteria, possui lustres de cristal, piso em mosaico de madeiras nobres, afrescos nas paredes e teto, dezenas de obras de arte e outros elementos decorativos revestidos com folhas de ouro.

O espaço foi a primeira casa de espetáculos construída na Amazônia. “Temos entre os dias 15 e 16 apresentações dos nossos corpos artísticos, que também comemoram o aniversário do maestro Waldemar Henrique. Ele foi diretor do Theatro da Paz por 14 anos. Cobramos apenas uma taxa simbólica e qualquer pessoa pode vir assistir. Ela não entra apenas num teatro. Ela entra na história viva, de 145 anos, que mostra, por exemplo, o que foi a Belle Époque, a influência dos europeus na cultura paraense, essa interação do Pará, mais especificamente de Belém, com a Europa e os Estados Unidos. Essas relações se davam primeiro conosco e depois com o restante do país”, pontuou o diretor do Theatro da Paz, Daniel Araújo.

MEMÓRIA DE NAZARÉ

Outro espaço que chama a atenção na capital, sobretudo sob o aspecto do turismo religioso, é o Memória de Nazaré. Situado no Centro Social de Nazaré, ao lado da Basílica Santuário, o local foi repaginado e ampliado para contar toda a história do Círio de Nazaré.

A visitação ocorre de domingo a domingo. Para grupos, se faz necessário agendar a visita. Com a reforma, o espaço ganhou sete salas. E logo na entrada o visitante se depara com uma réplica da floresta que remonta o local onde a imagem original de Nossa Senhora de Nazaré foi encontrada pelo caboclo Plácido.

O espaço, que soma 10 anos em funcionamento, abriga exposição de mantos, além de objetos que foram votos de promessas nas procissões do Círio e diversos itens ligados à festa de Nazaré, que ocorre anualmente em outubro.

“Com essa ampliação, hoje temos sete salas de visitação e a inclusão da realidade virtual, onde as pessoas podem utilizar os óculos e a sala de vídeo. Tudo é pensado para que o visitante tenha contato com o Círio, com as procissões e, também, com os ícones como a corda, os mantos oficiais e as promessas. O memória de Nazaré traz um mergulho na história”, explicou Janes Jaques, turismóloga do setor de turismo da Basílica.