Pará

Pará teve queda de 60,3% de área desmatada, mostra levantamento

Floresta Amazônica - Região Sudoeste Paraense - Fotos Bruno Cecim - Ag.Pará
Floresta Amazônica - Região Sudoeste Paraense - Fotos Bruno Cecim - Ag.Pará

Luiza Mello

O desmatamento de vegetação nativa no Brasil caiu 11,6% pela primeira vez desde o início da divulgação do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD), o MapBiomas Alerta, que comparou dados de 2023 com o ano anterior. O novo levantamento mostra que o Cerrado ultrapassou a Amazônia em área desmatada.

Outro destaque são os resultados do Estado do Pará, que aparece nesta publicação com o sinal de alerta invertido, ou seja, apontando queda de 60,3% na área desmatada. Os dados foram divulgados ontem, 28, e revelam que, na Amazônia, houve redução em todos os estados, exceto no Amapá, onde houve aumento de 27%.

“Os dados apontam a primeira queda do desmatamento no Brasil desde 2019, quando se iniciou a publicação do RAD. Por outro lado, a cara do desmatamento está mudando no Brasil, se concentrando nos biomas onde predominam formações savânicas e campestres e reduzindo nas formações florestais”, destaca Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas.

De acordo com o relatório, em 2023, o Cerrado foi responsável por 61% do desmatamento no país, enquanto a Amazônia respondeu por 25%. Foram 1.110.326 de hectares desmatados em áreas de Cerrado em 2023, um aumento de 68% em relação a 2022. Os pesquisadores que produzem o relatório acreditam que a expansão agropecuária foi o principal indutor do desmatamento no Brasil, representando 97% do total.

Entre as áreas mais desmatadas em 2023 está a região conhecida como Matopiba, que faz a junção dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. É nessa região que está o maior alerta de desmatamento do país: 6.691 hectares em Alto Parnaíba, no Maranhão. Além disso, o alerta com a maior velocidade média diária, 944 hectares em 8 dias, foi registrado em Baixa Grande do Ribeiro, no Estado do Piauí.

O avanço do desmatamento no Cerrado colocou pela primeira vez a Terra Indígena Porquinhos dos Canela-Apãnjekra, no Maranhão, como TI mais devastada no país, com 2.750 hectares. Segundo o levantamento, o desmatamento em territórios indígenas no Cerrado aumentou 188% em relação a 2022.

Já os territórios quilombolas e Unidades de Conservação no bioma Cerrado também sofreram mais, com aumentos de 665% no desmatamento de TQs e a APA do Rio Preto sendo a mais desmatada, com 13.596 hectares. São Desidério (BA) foi o município mais desmatado do país, com 40.052 hectares. Segundo os dados, 70% dos municípios do Cerrado registraram desmatamento.

De acordo com os dados divulgados ontem na Amazônia, o desmatamento caiu 62,2%, totalizando 454,3 mil hectares em 2023. Houve redução em todos os estados, exceto no Amapá, que teve um aumento de 27%. A região que inclui Amazonas, Acre e Rondônia, teve uma queda de 74%. E dos 559 municípios da Amazônia, 78% registraram desmatamento, mas todos os 10 mais desmatados apresentaram redução.