Grande Belém

Museu de Arte de Belém abre as portas para a população

O prédio recém-restaurado salvaguarda o rico acervo do MABE, com mais de duas mil peças.
Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.
O prédio recém-restaurado salvaguarda o rico acervo do MABE, com mais de duas mil peças. Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Cintia Magno

O imponente palácio instalado na Praça Dom Pedro I, em pleno centro histórico da cidade, é tido como uma das poucas construções da Belém do século XIX que ainda hoje mantém sua função pública original. Erguido para abrigar a sede do poder executivo municipal, o edifício tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) é o responsável por acolher não apenas o gabinete da Prefeitura Municipal de Belém, como também o Museu de Arte de Belém (MABE), que abriu as portas para a população no último domingo (21).

Além de toda a beleza arquitetônica que caracteriza o palácio erguido nos tempos áureos da borracha – ainda em 1860, sob o comando de José da Gama Abreu, o Barão do Marajó – o prédio recém-restaurado salvaguarda o rico acervo do MABE, com mais de duas mil peças, sendo que centenas delas podem ser vistas nas mostras que ocupam os nove salões do prédio.

Aproveitando a manhã de domingo, quando o museu reabriu para a visitação do público, dezenas de pessoas reservaram o dia para visitar, muitos pela primeira vez, o Palácio Antônio Lemos, também chamado de ‘Palácio Azul’. “Eu gosto muito de fazer esse tipo de visitação e eu fui surpreendida com essa reforma porque ficou muito bonita. É muito importante que tenham essas obras de restauração para que se possa garantir a preservação desses espaços, para manter o local mesmo”, considerou a estudante de psicologia Giovana Almeida, 20 anos, que visitou o palácio pela primeira vez. “Eu estou muito feliz de ver como ficou”.

Visitando também pela primeira vez o palácio, o estudante de arquitetura e urbanismo João Paulo Caldas, 20 anos, reforçou a importância do prédio para a história da cidade de Belém. “É um patrimônio público que ajuda a contar a história da cidade, por isso é muito importante que tenham essas ações de restauro”, considerou. “Há alguns anos eu vi comentários de que o prédio estava mal cuidado, então, é muito importante essa restauração”.

Logo na entrada do palácio, no andar térreo, o público pode conferir as duas exposições temporárias: “Belém no Acervo MABE – Para Ler como Quem Anda nas Ruas”, composta por obras de pinturas, aquarelas, gravuras e fotografias que retratam o poema de João de Jesus Paes Loureiro “Para Ler como Quem Anda nas Ruas”, e “Arte na Obra”, que traz fotografias, vídeo e painéis sobre o restauro do palácio.

Subindo as escadarias em mármore de lioz, é possível ter acesso aos salões superiores, onde parte do acervo do museu conecta o público com a história da arte na Amazônia. Além das tradicionais telas “Fundação de Belém”, de Theodoro Braga, e “Os Últimos Dias de Carlos Gomes”, de Domênico De Angelis e Giovanni Capranesi, a exposição também abriga peças de mobiliário, esculturas, desenhos e fotografias.

Trabalhando nas proximidades do prédio, o pedagogo Willy Tavares, 38 anos, acompanhou de longe todo o processo de restauração do palácio e, assim que pôde, fez questão de conhecer o resultado final das obras. “Eu vi toda a reforma, de longe, e vi como foi um trabalho cansativo, mas que deu resultado. Muitas vezes a gente pensa que uma obra dessas é só do lado de fora porque não dá pra ver tudo que está sendo feito no interior e, hoje, entrando aqui eu vi que o dinheiro que foi investido foi bem usado”, considera. “É um local muito bonito e que, com certeza, chama mais turistas para visitar a cidade”.

FUNCIONAMENTO

O Mabe está funcionando temporariamente de terça a sexta, das 8h30 às 14h, até março, sempre gratuitamente.

 

ANTONIO LEMOS

O palácio que abriga o Museu de Arte de Belém (Mabe) recebeu o nome de Antonio Lemos, no ano de 1950, em homenagem ao Intendente de Belém no período de 1897 a 1911, que em sua administração promoveu grande reforma no Palácio. O acervo do museu, inclusive, é proveniente do período de Antônio Lemos, quando o intendente passou a adquirir obras com a intenção de formar uma pinacoteca municipal.