Luiza Mello
O empresário Eduardo Gonçalves Pereira Junior está sendo investigado pelo Ministério Público Eleitoral no Pará por suspeita de cometer assédio eleitoral contra seus funcionários. Ele consta como diretor administrativo, financeiro e comercial da empresa Belém Bioenergia Brasil S/A e foi denunciado por ter instalado uma “urna” de votação na recepção da sede da empresa, em Belém, e obrigar que os servidores fizessem a simulação de votação para o cargo de presidente da República na cédula fictícia, onde deveria constar também o nome e número de matrícula do trabalhador.
Segundo a denúncia encaminhada ao MPE-PA, ao fazer as exigências, o diretor bradou: “os empregados que não registraram voto em Jair Bolsonaro sofrerão as consequências”. Ele é dono de uma das oito empresas que constam nas dez denúncias de assédio eleitoral registradas no MP do Pará.
A pessoa que fez a denúncia informou ainda à Promotoria Eleitoral no Pará que Eduardo participou de eventos com o atual presidente no Estado e que levou alguns desses empregados aos atos de campanha de Bolsonaro. Essa participação foi registrada em fotos divulgadas pelo empresário que, de acordo com a pessoa denunciante, “quis saber por que outros empregados não tiraram foto com ele [Bolsonaro]”.
CASO DE POLÍCIA
O titular da 93º Zona Eleitoral em Belém, promotor José Ilton Lima Moreira, encaminhou ao delegado da Polícia Civil de Tailândia, solicitação para que o ato do empresário Eduardo Gonçalves Pereira Junior seja também investigado na filial do município. Segundo o ofício encaminhado à Delegacia, a pessoa que fez o relato ao MPE lembrou que, além da sede em Belém, a empresa tem filiais em dois municípios. “Surge a necessidade de verificação das informações mencionadas neste município de Tailândia, pois tal conduta pode ter incidência em crime eleitoral”, escreveu o promotor.
O mesmo documento foi encaminhado à Polícia Civil de Tomé-Açu, onde a Belém Bioenergia Brasil S/A tem outra filial. O promotor José Ilton Moreira pede que, caso seja verificada “infração eleitoral perpetrada nesta comarca”, a investigação preliminar a ser conduzida pela Polícia Civil seja encaminhada, no prazo de dez dias (a contar a partir do dia 18) à sede do Ministério Público Eleitoral em Belém.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) informou que já recebeu 903 denúncias de assédio eleitoral contra 750 empresas até ontem, dia 20. Faltando menos de dez dias para o segundo turno das eleições, os números da campanha deste ano já superam os de 2018, quando o MPT registrou 212 denúncias contra 98 empresários.
Eduardo Gonçalves Pereira Junior também consta nos registros A reportagem não conseguiu contato com a Belém Bioenergia do Brasil S/A, mesmo tendo registrado nos contatos disponíveis no site da empresa o pedido de entrevista com o acusado.
De acordo com o site da Receita Federal do Brasil, o empresário também aparece nos registros de abertura de outras oito empresas no Pará, Minas Gerais e São Paulo. Ele desponta como proprietário da E.g.b. Imóveis S/s Ltda, fundada em 2011, localizada no bairro Mangueirão, em Belém e da Ed2 & Participações Ltda, também na capital. Em São Paulo figura como administrador da Openfield Consultoria e Participações. Ele consta no site da RFB como presidente da Tauá Brasil Palma S/A, com sede em Belém e filiais em Tailândia e Tomé-Açu.