A Prefeitura de Belém intensificou as ações de vistoria, em Mosqueiro, com objetivo de criar projetos de contenção ou muros de arrimo nas áreas de erosão costeira da ilha.
A série de estudos iniciou em 2021 e segue neste primeiro trimestre do ano, período mais rigoroso do chamado inverno amazônico, caracterizado por chuvas, ventos e marés altas. Nesta terça-feira, 21, a comissão formada pela Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), Defesa Civil de Belém, Agência Distrital de Mosqueiro (Admos) e Serviço de Geologia do Brasil, visitou as áreas do Marahu e Paraíso.
Diagnóstico
De acordo com o Serviço Brasileiro de Geologia do Brasil (CPRM), vinculado ao Ministério de Minas e Energia, os estudos servem para diagnosticar as áreas de risco e, consequentemente, oferecer conteúdo robusto à elaboração de projetos que visam dar segurança aos moradores locais, seja por transferência da moradia, ou construção de muros de arrimo nas zonas com maior incidência da erosão costeira.
“A prefeitura de Belém está atenta e vem desempenhando seu papel no trabalho preventivo e também de garantir às pessoas que elas não estão sozinhas. O trabalho nas ilhas de Mosqueiro, Outeiro e Cotijuba avançou nos últimos dois anos e nós esperamos que num período breve de tempo o mapeamento das áreas atingidas pela erosão costeira esteja concluído para criação de projeto de construção de muros de arrimo”, explica o coordenador operacional da Defesa Civil de Belém, Claudionor Corrêa.
O engenheiro civil, Alcides Neto, diretor da Assessoria Técnica da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), informa que na região da praia do Marahu a erosão costeira se estende por mais de 800 metros e com altura acima de cinco metros. “A ideia aqui é fazer o georreferenciamento da área para elaboração de projetos de muros de arrimo”, esclarece.
A dona de casa Andrea Lopes, está na área há 12 anos e contou à comissão que as águas já “engoliram” mais de um metro do continente e que a situação também se agrava com a trepidação provocada pelo trânsito de veículos. “A gente fica preocupada, mas eu vim de Óbidos (município do Baixo Amazonas), local de muitas águas, também, e acredito que a situação será resolvida”, disse, confiante.
Paraíso
Na área do Paraíso, segundo ponto da vistoria, a maré estava alta e alguns moradores não escondem o medo de perder suas residências e comércios.
O morador Edson Morais, 39 anos, disse que a erosão já levou mais de um metro da área da barraca da família, entre os anos de 2021 e 2022. “A gente observa todo dia e nessa época do ano, a maré sobe muito e derruba tudo que vem pela frente. A gente fica triste, mas temos esperança que a Prefeitura vai nos ajudar”, disse ele.
“A gente se sente mais segura, vendo que a Prefeitura está buscando soluções para resolver o problema, que não é fácil”, disse a dona de casa, Ana Paula Barbosa Leal, durante a visita da comissão de vistoria.
Pontos críticos
Mosqueiro tem ao menos quatro pontos críticos de erosão costeira: Bispo, Praia Grande, Marahu e Paraíso. Segundo Claudionor Corrêa, da Defesa Civil de Belém, são áreas que requerem atenção especial, por isso, a Prefeitura de Belém, por meio da Seurb, Admos, Defesa Civil e Serviço de Geologia do Brasil intensificam as vistorias, objetivando encontrar soluções que reduzam os impactos sociais e econômicos na vida dos moradores.
“A Prefeitura está atuando firme na prevenção e no trabalho de mapeamento dessas áreas de erosão costeira. O prefeito Edmilson Rodrigues já esteve em audiência com o ministro das Cidades, Jader Filho, e solicitou recursos para construção dos muros de arrimo de Mosqueiro e também obras e serviços para Outeiro e Cotijuba. A nossa expectativa é que ainda este ano, o problema seja resolvido”, informou Claudionor Corrêa.
Para os casos mais graves, a Prefeitura de Belém conta com a rede de apoio social como aluguel social ou, mediante relatório, as pessoas atingidas pelo processo de erosão costeira, sejam contempladas com moradias do programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal, mas gerenciado pelas prefeituras municipais.
Identificação
Íris Bandeira, do Serviço de Geologia do Brasil, explica que o trabalho da comissão vai identificar as áreas passíveis de risco, onde as pessoas corram risco de perder a moradia, bens materiais ou mortes.
“Estamos acompanhando essas vistorias há mais de dois anos. Os resultados preliminares estão disponíveis às consultas públicas e servem de base para criação de mecanismos de busca de recursos, transferência das pessoas ou construção de obras que possam manter as moradias, mas de forma segura”, explicou a geóloga.