Irlaine Nóbrega
Na última segunda-feira (18), a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) confirmou a primeira morte por dengue hemorrágica em Belém. O caso de trata de um paciente do sexo feminino, de 21 anos, moradora do bairro do Reduto, que morreu no dia 06 de março após as primeiras manifestações dos sintomas, no dia 26 de fevereiro. O caso estava sob investigação epidemiológica pelo Laboratório Central do Estado do Pará (Lacen-PA).
A dengue grave – antiga dengue hemorrágica – é uma complicação da infecção que causa uma reação inflamatória no organismo e altera os padrões de coagulação, provocando hemorragia e perda de fluidos corporais. São considerados casos raríssimos de evolução do vírus, já que apenas ¼ das pessoas não produzem anticorpos para combater a infecção.
Inicialmente, os sintomas da dengue grave são os mesmos que o da dengue clássica, como dor de cabeça, dor no corpo e nas articulações, dor atrás dos olhos, fraqueza, náuseas e vômito. Após o terceiro dia são comuns outros sintomas: baixa pressão, tontura, dor abdominal intensa, alteração de consciência, sangramentos e manchas vermelhas na pele.
De acordo com o médico sanitarista e assessor do departamento de Vigilância à Saúde da Sesma, Agostinho Limeira, a evolução da doença depende da resposta ao vírus. “Vai variar em função e vários fatores, a idade, sexo, se tem doença preexistente, se é alcoólatra. Pessoas sadias pegam dengue e o próprio organismo produz anticorpos e destrói os vírus em alguns dias, mas pessoas que tem problema de saúde não conseguem produzir os anticorpos em temo hábil e a doença evolui”, explica.
Combater a proliferação do vetor, o mosquito Aedes aegypti, é o único jeito de controlar o alastramento da doença. Por isso é importante evitar água parada, tampar caixas d’água e cisternas, não deixar água acumulada em baldes e quintais, acondicionar o lixo em saco plástico, se atentar às coletas de lixo domiciliar e receber em domicílio o Agente de Combate a Endemias (ACE).
POPULAÇÃO
No bairro do Reduto, a população mantém as medidas contra a doença. O caso confirmado de óbito deixou os moradores em alerta para possíveis focos do mosquito. Os cuidados no combate à dengue são indispensáveis na residência de Maria do Socorro Marques, de 64 anos. Isso se deve a experiência de já ter sido infectada quatro vezes pelo mosquito Aedes aegypti, incluindo a Zika e a Chikungunya.
“A dengue é muito preocupante porque ela se alastra por falta de cuidado do próprio cidadão. Eu cuido de não deixar vasilha com água. Se eu precisar armazenar água, ela não fica muito tempo, sempre troco e olho se não tem nenhuma larva porque esse bicho se desenvolve muito rápido em água parada”, diz Maria.
A aposentada ainda teme pelo estado que se encontram as ruas de Belém, cheias de lixo e entulhos, locais propícios para criadouros do mosquito Aedes aegypti. “Eu moro na frente de um canal e as pessoas jogam lixo no canal, nas ruas. As pessoas não se cuidam, não se preocupam com o próprio bem-estar e nem se preocupam com a área que elas moram. Nós temos que zelar pelo o que é nosso, nossa cidade e a nossa saúde”, afirma.
Alberto Junior, de 55 anos, redobra os cuidados durante o período chuvoso. Isso porque ele mora com uma pessoa idosa e a infecção costuma ser mais perigosa por conta da prevalência de doenças crônicas, como a pressão alta. A infecção pelo mosquito da dengue, em 2008, também o influenciou para que tomasse mais cuidado.
“Eu sempre me cuidei, lá em casa nós deixamos sempre tudo limpo e higienizado. Eu já tive essa doença e não é fácil, eu passei dois meses me tratando no hospital. Agora eu me cuido mais ainda para não pegar de novo. Minha mãe já é uma senhora de idade e faz um tratamento cardiológico, então a gente se cuida para não complicar”, revela o autônomo.
CASOS EM BELÉM
Atualmente são 1.174 casos de dengue notificados em Belém. Desses, 503 são confirmados, 297 descartados e 363 estão em análise. Os bairros que apresentam maior número de casos são Guamá (74), Cremação (40) e Pedreira (32).
A Sesma ainda realizou o bloqueio da área de residência da vítima para monitoramento de outros possíveis casos suspeitos da doença.