Diego Monteiro
A quantidade de lixo espalhado por ruas de Belém tem causado incômodo na população. O DIÁRIO deu um giro pela cidade na semana passada e encontrou, pelo caminho, resíduos como caixas, sacolas plásticas, isopor, copos descartáveis, marmitas vazias e restos de alimentos.
Segundo Matias de Assunção, 36, esse tipo de situação acaba sendo um “banquete” para animais transmissores de doenças. “Quem nunca andou pelas ruas do centro da cidade e não encontrou um, dois, ou até mais roedores? Sem contar na quantidade de baratas que passeiam junto com as pessoas. Acho que precisamos ter equipes mais efetivas para evitar acúmulo de sujeiras”, afirmou o comerciante.
Na avenida Presidente Vargas com a rua Senador Manoel Barata, um amontoado de cascas de laranjas, além de sacos de lixo foram jogados na frente da faixa de pedestre. Pelo que foi observado, muitos que precisavam atravessar acabavam usando lugares irregulares para não tropeçar nesses objetos, já que o risco de queda, segundo os ambulantes, é grande.
“Os papelões, assim como os papéis, ficam escorregadios quando se misturam com a areia. Já presenciei alguns casos de crianças e até mesmo idosas que caíram e foram ajudadas por nós”, disse o vendedor José Antônio, 43.
Perto dali, na rua Aristides Lobo, sacolas com lixo descartado de forma irregular ficavam aos pés das mangueiras. Mais adiante, o horário de almoço é outro problema, pois a comida descartada na vala atrai pombos que comem os restos de alimentos, sem falar das moscas que são atraídas pelo lixo.
“Apesar de que a maioria coloca a culpa nos órgãos municipais quanto a limpeza das ruas e a coleta do lixo, a população acaba reforçando para que as vias fiquem sujas”, afirmou Maria Olinda, 78. Olinda completa ao sugerir políticas de conscientização nos bairros para ter uma cidade mais limpa. “Tudo está sujo e não é só aqui no centro. Infelizmente, precisamos fazer com que as pessoas entendam o risco que é esse problema. Mas creio que é uma tarefa difícil, principalmente pela ausência de gestão por parte da prefeitura”, disse Maria.
PRAÇA
Na Praça da República, onde era para ter uma lixeira, existe apenas o lugar. As poucas que têm estão sem o fundo e recebem os restos que param direto no chão. Ao longo da avenida Nazaré até o Mercado de São Brás, mais entulhos e sacos plásticos. Situação parecida também na avenida Almirante Barroso, na esquina da travessa Vileta.
Para Maria do Carmo, 54, essa situação poderia ser melhor, já que muitos turistas visitam a capital do Pará. “Para nós é uma vergonha, pois estamos em um Estado que recebe muitos visitantes, até de outros países. Tem ainda os alagamentos que sofremos todas as vezes que cai uma chuva e nem precisa ser tão forte”, pontuou a autônoma.
Com a chegada do inverno amazônico, a maior intensidade de chuva entre os meses de novembro a maio, vem acompanhada também com preocupação. É que o descarte irregular entope bueiros, gerando alagamentos, além de poluir as galerias pluviais.
“Por isso que nesse período as pessoas ficam doentes com maior facilidade, aí vem aquela famosa frase: ‘é apenas uma virose’. Infelizmente precisamos sair de casa e quase sempre metemos os nossos pés em água suja. Fora a proliferação de mosquitos Aedes aegypti, o principal transmissor de dengue, zika e chikungunya”, concluiu Maria do Carmo.