Diego Monteiro
Aquantidade de lixos espalhados pelas ruas de Belém tem gerado desconforto entre os moradores. Na tarde de ontem, 25, a equipe do DIÁRIO percorreu diversos bairros da cidade e encontrou, pelo caminho, resíduos como caixas, sacolas plásticas, isopor, copos descartáveis, marmitas vazias e, principalmente, materiais orgânicos, que consistem principalmente em restos de alimentos.
Para Regina Silva, 68, esse tipo de situação acaba sendo um banquete para animais transmissores de doenças. “Quem nunca andou pelas ruas da cidade e não encontrou um, dois, ou até mais ratos passeando? Sem contar na quantidade de baratas que andam de um lado para outro. Acho que precisamos ter equipes mais efetivas para evitar acúmulo de sujeiras nas ruas”, afirmou a aposentada.
Na avenida Pedro Miranda, próximo à travessa Lomas Valentina, no bairro da Pedreira, um amontoado de entulho, junto com sacos de lixo e garrafas de vidro, foi deixado no meio de uma calçada. Os pedestres que passam por ali precisam redobrar a atenção para não cortar os pés ou até mesmo tropeçar nesses objetos, pois o risco de queda, especialmente para as crianças e idosos, é alto.
“Os papelões, assim como os papéis, ficam escorregadios quando se misturam com a areia e o restante do lixo. Já presenciei alguns casos de crianças e até mesmo idosas que caíram e foram ajudadas por nós. Claro que não podemos tirar a responsabilidade dos moradores, pois a coleta de lixo vem, leva, mas no outro dia já está tudo de novo: lixo por toda parte”, reclama Regina.
BOM SENSO
A poucos quilômetros dali, no quarteirão da rua Oliveira Belo, entre as travessas 14 de Março e Generalíssimo Deodoro, sacolas de todas as cores, cheias de lixo descartado de forma irregular, ocupam os pés das mangueiras e as calçadas. O odor no local é outra característica, devido aos restos de comida e fezes, tornando o ambiente extremamente insalubre, perigoso e insuportável.
“Apesar de que a maioria coloca a culpa nos órgãos municipais quanto a limpeza das ruas e a coleta do lixo, a população acaba reforçando para que as vias fiquem sujas”, considera Nívia Moreira, 18. A justificativa da estudante é com base no tipo de resíduo encontrado nas ruas, pois a grande maioria é proveniente das residências, fora os que são descartados por pessoas em situação de rua.
Moreira completa ao sugerir políticas de conscientização em todos os bairros de Belém com o objetivo de ter uma cidade mais limpa. “Tudo está sujo e não é só aqui no centro.
Precisamos fazer com que as pessoas entendam o risco que é esse problema”, disse Nívia.
Na avenida Alcindo Cacela com a rua Diogo Móia, a situação é a mesma: a calçada deveria estar livre, mas está coberta de lixo. “Com isso aumenta o número de alagamentos e a população sofre todas as vezes que cai uma chuva e nem precisa ser tão forte”, pontua a universitária Marcele Longo, 24.
A preocupação de grande parte da população tem um motivo: a chegada do inverno amazônico, período de maior intensidade de chuva entre os meses de novembro a maio. É que o descarte irregular entope bueiros, gerando alagamentos, além de poluir as galerias pluviais e contribuir para a contaminação por diversas doenças.
“Por isso que nesse período as pessoas ficam doentes com maior facilidade, aí vem aquela famosa frase: ‘é apenas uma virose’. Infelizmente precisamos sair de casa e quase sempre metemos os nossos pés em água suja. Fora a proliferação de mosquitos Aedes aegypti, o principal transmissor de Dengue, Zika e Chikungunya”, concluiu a professora Maria do Carmo, 55.
SESAN
O DIÁRIO questionou a Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) sobre a limpeza das ruas e a regularidade da coleta de lixo nos bairros de Belém. No entanto, até o momento, o órgão não se pronunciou.