Edir Gillet fez história em coberturas do Círio de Nazaré e também do massacre de Eldorado dos Carajás, na década de 90.
Edir Gillet fez história em coberturas do Círio de Nazaré e também do massacre de Eldorado dos Carajás, na década de 90.

Pegou de surpresa os colegas de profissão notícia do falecimento de Edir Gillet Brasil, aos 61 anos. O jornalista estava internado no Pronto-Socorro Municipal da 14 de Março, em Belém, desde o dia 2 de outubro, lutando contra complicações decorrentes da diabetes, que acabou se agravando nos últimos dias. A morte ocorreu às 7h30, em plena sexta-feira de Círio, data simbólica para os paraenses e especialmente significativa para quem, como ele, ajudou a construir a história da cobertura jornalística da maior manifestação de fé da Amazônia.

Natural de Belém, Edir Gillet iniciou sua trajetória na imprensa ainda muito jovem, por volta de 1983, na TV Liberal, onde rapidamente se destacou pela inteligência, dinamismo e capacidade de liderança.

“Ele era extremamente antenado e muito inteligente. Logo ascendeu na emissora, chegando ao cargo de diretor de jornalismo”, recorda a jornalista Micheline Ferreira, mãe de três dos cinco filhos do profissional.

Trabalhou no grupo RBA, no Diário do Pará, na TV RBA e em diversas assessorias de comunicação, tanto no governo do Estado quanto na Prefeitura de Belém. “Ele sempre foi um jornalista muito comprometido com a ética, com o exercício do bom jornalismo. Um profissional de muita expertise”, destacou Micheline.

Durante os anos 1980 e 1990, Edir esteve à frente de coberturas que marcaram o jornalismo paraense e brasileiro. Participou de reportagens especiais que repercutiram em todo o país, com matérias exibidas em programas nacionais como o Jornal Nacional e o Fantástico, da Rede Globo. Foi um dos repórteres que cobriram a tragédia de Eldorado dos Carajás, em 1996, além de pautas sobre conflitos agrários, denúncias ambientais e temas sociais que projetaram o Pará no noticiário nacional.

A Cobertura Jornalística de Edir Gillet

Micheline lembra inclusive que Gillet estava em licença paternidade quando foi cobrir o caso Eldorado. “Foi a reportagem mais icônica dele, e a Ana Tereza, hoje mãe de um dos netos dele, tinha acabado de nascer. Mas ele abriu mão para poder viajar e fazer a cobertura”, reconhece.

Na área de comunicação pública, atuou na Conteto e prestou assessoria aos então deputados estaduais Sandra Batista e Airton Faleiro, na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa). Também trabalhou na Governadoria, período em que enfrentou um grave acidente de moto, ocasião em que descobriu ser portador de diabetes — doença que, anos depois, resultaria em complicações irreversíveis.

Além de sua trajetória marcante nas redações e gabinetes, Edir Gillet é lembrado como um dos profissionais responsáveis por consolidar a cobertura ao vivo da procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré na televisão paraense, ao lado de colegas como Regina Alves. Sua voz e sua presença nos bastidores das transmissões marcaram uma geração de repórteres e produtores.

Legado e Família

O jornalista deixa a esposa, Maria de Lourdes Sereni Viana, com quem estava casado há 27 anos, cinco filhos e dois netos — Isabela e Lorenzo.

O velório será realizado nesta sexta-feira, a partir das 19h, na Capela Mortuária dos Capuchinhos, localizada na Avenida Conselheiro Furtado, bairro do Guamá, em Belém. O sepultamento será realizado no Cemitério Santa Isabel, também no Guamá, com horário ainda a ser definido.