Ana Laura Costa
Trafegar pela rodovia Arthur Bernardes, umas das principais vias da capital paraense, tornou-se sinônimo de transtorno tanto para quem mora quanto para quem precisa transitar diariamente na rodovia que fica às margens da Baía do Guajará. O motivo disso são as frequentes infrações de trânsito cometidas por condutores de veículos que colocam pedestres e ciclistas em situações de risco na via.
No trecho em que ficam situados o Hospital Sarah e o Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), o fluxo de pacientes com debilidade motora ou limitações físicas que realizam tratamento nos locais é intenso. E, apesar da nova sinalização no perímetro, com instalação da faixa de pedestres, semáforos e sinalização da ciclofaixa, ontem (17) não foi difícil se deparar com cenas de desrespeito às leis de trânsito.
Segundo informações de profissionais que auxiliam na segurança dos espaços, às vezes se faz necessário auxiliar os pacientes na travessia da faixa de pedestre para protegê-los de eventuais acidentes. Além disso, os condutores dos veículos que saem do CIIR precisam ter atenção redobrada na hora de pegar a rodovia Arthur Bernardes, já que muitos motociclistas trafegam pela ciclofaixa e provocam acidentes.
Mas a infração não é cometida apenas por motociclistas e condutores de carros particulares: motoristas de transporte público também trafegam pela faixa exclusiva aos ciclistas e muitas das vezes nem param para os passageiros que aguardam na parada, segundo conta a autônoma Debora Lobato, de 45 anos, que acompanha a filha Pietra, de 3 anos, ao menos duas vezes na semana para tratamento no CIIR.
“Nós moramos em Marituba, ou seja, a dificuldade começa muito antes de chegar aqui por conta do trânsito. Tem vezes que a gente passa quase uma hora aqui esperando e eles não param, é difícil”, comenta.
Outra situação que dificulta a vida de transeuntes e, principalmente, crianças que estudam no entorno da igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, é o semáforo apagado há meses em frente à igreja na esquina da passagem das Flores, no Telégrafo. Segundo o mototaxista Márcio Silva, 49, as crianças enfrentam muita dificuldade para conseguir atravessar na faixa, já que não podem contar com a consciência dos motoristas pois só param quando terceiros intervêm. “Esse semáforo tá assim desde antes das férias de julho, já tem tempo isso e nada fazem. Para atravessar é uma luta”.
Caminhões ocupam ciclovia e expõem ciclistas ao risco
Ainda na rodovia, já próximo ao Terminal Petroquímico de Miramar, uma fila de caminhões estacionados na ciclofaixa atrapalham o tráfego de ciclistas e os obrigam a realizar malabarismos para seguirem seguros rumo ao destino final. O plotista João Chaves, 28, relata que usa a via todos os dias para ir e voltar do trabalho e que os veículos pesados estacionados no meio de seu percurso não são surpresa nenhuma. “Por volta desse horário (15h30) é sempre assim, acho que eles param para abastecer, não sei. Mas todo dia é isso, uma cena corriqueira”, ressalta.
De acordo com informações de um trabalhador do entorno, há alguns metros dali, há um espaço no posto Shell destinado aos veículos pesados para aguardar enquanto o carregamento de materiais e a retirada de pedidos é feita pelos condutores. Porém, muitos optam por estacionar na ciclofaixa em função da distância, decisão que complica a vida de outras pessoas.
“Todo dia é isso aqui. Tem que ter fiscalização para coibir isso, se não punir eles continuam e a gente se arrisca”, pontua o ciclista Luís Costa, 48.
Carroceiros jogam lixo nas calçadas
Não bastasse ter que lidar com o desrespeito às normas de circulação nas vias, os moradores da passagem São Pedro com a rodovia Arthur Bernardes, no bairro do Telégrafo, ainda lidam com o acúmulo de lixo e entulhos nas calçadas. Estudantes de uma escola do entorno precisam desviar o caminho e se arriscar na pista para seguir em frente.
Morador antigo da área, Sóstenes Silva, 55, afirma que o problema não é de hoje e cobra soluções. “Nós não queremos problemas, queremos soluções. Essa é uma avenida muito suja, uma avenida que dá acesso ao aeroporto da capital e liga à outra avenida importante que é a Almirante Barroso, e está desse jeito. Alguns carroceiros, contratados por outras pessoas, jogam esse entulho aí. Então, são coisas que precisam ser, estudadas para termos uma solução para isso. Poucos metros ali à frente, tem um galpão vazio, por que não usar para reciclagem?”, opina.