Diego Monteiro
Moradores da passagem 15 de Novembro, no bairro do Tapanã, em Belém, ainda passam por problemas desde o último domingo (25), quando, no início da madrugada, um incêndio de grandes proporções atingiu a Central de Distribuição do Supermercado Líder. Eles reclamam da fumaça intensa e o medo de desabamento de uma das paredes do depósito.
No momento em que a equipe do DIÁRIO conversava com as pessoas que vivem na parte de trás do sinistro, estalos foram ouvidos de dentro do local incendiado. O cheiro de queimado era forte em toda a extensão da rua e algumas pessoas relataram problemas respiratórios, como é o caso da mãe da autônoma Odilene Lobato, 49 anos. A idosa, de 87 anos, apresentou tosse desde que acordou na manhã de ontem, além de ter mudado a rotina para não colocar ainda mais a saúde em risco.
“Minha mãe ama ficar sentada na porta de casa. Mas como fica nessas condições? Acordou com tosse e reclamando muito da respiração. Sabemos que é uma pessoa com idade avançada e que não precisaria estar passando por isso. Até agora estamos esperando uma resposta, mas não temos”, reclamou.
Para a repositora de produtos Thalia Monteiro, 22, o prejuízo foi ainda maior, já que a estrutura superior da casa em que mora não resistiu e o telhado da cozinha veio ao chão. Neste caso o temor passou a ser outro: a chuva que cai todas as tardes neste período de inverno amazônico, o que aconteceu por volta das 15h de ontem.
“A gente ri pra não chorar”, lamentou Thalia. “A sorte é que quando desabou não tinha ninguém em casa, pois caso contrário teríamos até uma tragédia. Agora, a pergunta que eu faço é: vão pagar todas as minhas coisas que estão se estragando? As nossas coisas estão lá, molhando, e não conseguimos salvar”.
Vários moradores informaram que representantes do Grupo Líder estiveram na passagem. No entanto, as vítimas disseram se sentir intimidadas por um advogado após o mesmo alegar que o fogo pode ter sido ocasionado por fogos de artifícios. “Como fogos? A fumaça começou a sair do prédio ainda era cedo. Quem ia soltar fogos 21h da noite?”, disse Isadora Monteiro, 37. A redação do DIÁRIO tentou contato com a empresa, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno.
O Corpo de Bombeiros informou que os trabalhos de perícia têm 30 dias para concluir as investigações que apontarão a causa do incêndio. Na manhã de ontem, a Defesa Civil retornou na área afetada para realizar o levantamento dos impactos sociais e orientar a vizinhança que vive próximo do galpão incendiado. De acordo com o órgão, nove imóveis passaram por vistorias técnicas e a previsão é que o relatório do serviço seja entregue ainda hoje (27).
A Defesa Civil informou que “no momento, o que pode ser adiantado é que nenhum deles [imóveis] teve sua estrutura abalada. Alguns, porém, tiveram danos em telhas e utensílios”. O documento será entregue aos proprietários.