Cintia Magno
A grande quantidade de fumaça e ainda a fuligem que se espalhava pelo ar já por volta de 9h do último domingo (25) era uma amostra da situação enfrentada pelos moradores da rua Quinze de Novembro, no bairro do Tapanã, em plena noite de Natal. Por volta de 0h, um incêndio iniciado no Centro de Distribuição do Supermercado Líder assustou os moradores da via que passa atrás do depósito, causando medo e transtornos.
No momento em que preparava para servir a ceia de Natal, a autônoma Raquel Monteiro, 44 anos, se assustou com os estalos vindos da rua. Não demorou muito para que o seu esposo, o pintor Valdeci Costa da Silva, 49, fosse até a entrada de casa e percebesse o que estava acontecendo, alertando a esposa.
O fogo relatado por Valdeci se alastrava pelo depósito que faz fundo com várias moradias localizadas na rua Quinze de Novembro. Diante da altura das chamas e do calor intenso que fazia, os moradores começaram a se mobilizar para retirar os pertences de casa, com medo de que as chamas atingissem suas residências. “Foi um susto! Foi aquele estalo e muita fumaça. No início a gente até achou que estavam fazendo churrasco, mas depois que vimos que era sério”, contou Raquel. “Foi até de manhã essa agonia, nós não tivemos Natal porque corremos para retirar os móveis com medo que o fogo chegasse, tive que levar o meu cachorro para a casa da minha sogra e a gente ficou a noite toda aqui na rua respirando essa fumaça”.
Quando percebeu que o fogo consumia as dependências do depósito, Valdeci se dirigiu até a entrada do prédio, pela Avenida Augusto Montenegro, para avisar do problema, mas encontrou tudo fechado. “Essa era uma data especial, nunca esperei passar um Natal desse. Ficou muito quente aqui, a gente passando mal inalando essa fumaça desde 0h, sem poder entrar em casa, sem saber o que fazer com as crianças, com os animais”.
A fumaça relatada pelos moradores ainda era muito presente no local já na manhã do dia 25, domingo. Apesar de não serem vistas chamas no depósito, muita fumaça ainda saía do prédio e fuligem se espalhava pelo ar. Em poucos minutos, a permanência no local já gerava ardência na garganta e nos olhos.
O ferreiro Mauro Roberto da Silva, 32 anos, também estava no local no momento exato em que o fogo começou e contou que a fumaça não parou mais de se espalhar mesmo depois de o Corpo de Bombeiros ter controlado as chamas. “Foi muito fogo. Os Bombeiros usaram dois caminhões de água para controlar o fogo e quando deu 4h eles foram embora”, conta. “Mas a fumaça não parou, a gente continua aqui respirando isso porque as pessoas não têm nem para onde ir”.
Assim que soube do ocorrido, a dona de casa Tina Monteiro, 43 anos, saiu às pressas da casa do irmão, onde iriam iniciar a ceia de Natal, para verificar o estado de sua própria residência. A parede da cozinha da casa de Tina fica colada ao muro do Centro de Distribuição do Líder e a proximidade dos imóveis fez ela temer que o fogo também consumisse a sua casa. “A gente teve que largar tudo e vir pra cá. Toda a ceia ficou em cima da mesa, a gente nem pensou mais em comida”, lembra. “Como a minha casa é muito encostada, tinha o risco do fogo passar pra minha casa. Eu tive que tirar todas as minhas coisas da cozinha e jogar para frente, mas graças a Deus o fogo não chegou aqui”.
Ainda que nenhuma casa tenha sido atingida pelas chamas do incêndio, os moradores relatam que a orientação deixada pelo Corpo de Bombeiros, após o controle do incêndio, foi de que os moradores não retornassem para dentro de casa, sobretudo em decorrência da grande quantidade de fumaça que saía do prédio. Sem ter outros lugares para ir e preocupados em deixar suas casas sozinhas, eles decidiram ficar durante toda a noite na rua. Na manhã de domingo, eles continuavam no local. “A gente não pode deixar a nossa casa assim. Na confusão, na hora do fogo, até roubaram o celular do meu marido”, apontou a dona de casa Silvia Simone, 48 anos.
A Prefeitura de Belém, por meio da Comissão de Defesa Civil Municipal, informou que acompanha o trabalho de contenção de incêndio. “Na manhã deste domingo, o corpo de engenharia da Defesa Civil de Belém esteve no local e orientou o representante da empresa a fazer isolamento da área para minimizar riscos. Porém a vistoria técnica no imóvel não pôde ser realizada porque a área ainda não foi liberada pelo Corpo de Bombeiros, responsável pela extinção das chamas e emissão de laudo que deve indicar a causa do sinistro”.
Caso algum imóvel venha a sofrer abalos em decorrência do incêndio, poderá solicitar vistoria da Defesa Civil de Belém por meio do site (defesacivil.belem.pa.gov.br) ou presencialmente na avenida Pedro Miranda s/n, no 1° andar do prédio da Aldeia Cabana, de segunda a sexta-feira, de 8h às 14h.
Comunicado
Supermercados líder
No perfil oficial dos Supermercados Líder nas redes sociais, um comunicado assinado pela direção, publicado na manhã do dia 25 de dezembro, comunicava “aos seus clientes, colaboradores, fornecedores e ao público em geral que um dos setores do seu Centro de Distribuição, na Augusto Montenegro, em específico a TRANSFORMA (operação de materiais recicláveis do Grupo), foi tomado por um incêndio, na madrugada deste domingo, 25 de dezembro, felizmente sem vítimas. O Grupo Líder informa, ainda, que o incidente não compromete o abastecimento de nenhuma de suas unidades”.