Grande Belém

Igreja promove missa inclusiva para crianças autistas e com deficiência

A Paróquia de Nossa Senhora do Bom Remédio adaptou estrutura para receber dezenas de pequenos devotos, com som reduzido, palmas substituídas por balançar das mãos, além da linguagem de sinais e audiodescrição. Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.
A Paróquia de Nossa Senhora do Bom Remédio adaptou estrutura para receber dezenas de pequenos devotos, com som reduzido, palmas substituídas por balançar das mãos, além da linguagem de sinais e audiodescrição. Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Diego Monteiro

Na manhã de ontem, a paróquia de Nossa Senhora do Bom Remédio, no bairro do Coqueiro, em Belém, realizou uma celebração de Páscoa emocionante e inclusiva. A missa voltada especialmente para crianças autistas e pessoas com deficiência.

Para receber os convidados, o local precisou ser completamente preparado com o objetivo de proporcionar um ambiente acolhedor e descontraído para que as crianças se sentissem à vontade durante toda a missa. O som foi reduzido a um volume ambiente e as palmas substituídas pelo balançar das mãos, além de uma estrutura totalmente sensorial, com audiodescrição e linguagem de sinais.

Com o tema “A Medida do Amor é Amar Sem Medida”, a missa tem despertado o interesse da sociedade e, a cada ano, vem ganhando novos adeptos. No início, a igreja reunia em torno de 10 crianças, mas hoje, de acordo com os organizadores, são mais de 50 pequenos que chegam de outros bairros de Belém e até de outros estados do Brasil.

Socorro Carvalho, 54, por exemplo, mora em Parintins, no Amazonas, e participa do momento pela primeira vez. “Esta é a única paróquia no Brasil que faz esse tipo de missa, pois não lembro de ter conhecimento de outra. Desde quando a gente entra, tudo chama atenção, inclusive, até a postura do padre é diferente, que senta junto com as crianças para celebrar a missa”, declarou a empresária.

De acordo com o Padre Richardson de Oliveira Santos, pároco da paróquia, o ensinamento de Jesus é claro: “todos nós somos iguais e merecemos respeito”, frisou. “Quando abrimos a porta para esta ação, abraçamos a todos os nossos pequeninos e criamos esse sentimento de união, de solidariedade, para que a cada dia possamos construir um futuro melhor para todos”, completou.

EXPECTATIVA

Keila Araújo, 45, faz parte do grupo que se dedica na organização da missa inclusiva. Segundo a assistente social, são pessoas que têm trabalhado duro para que a celebração cresça e para que outras igrejas possam se inspirar na iniciativa. “Esperamos que outras paróquias olhem para esse momento como uma forma transformadora e de amor de Cristo por meio da inclusão”, disse.

“Nós, que somos mães de filhos autistas, sentimos o preconceito na pele todos os dias: quando estamos na fila do supermercado; quando procuramos uma escola para matricular nossos pequenos; ou até mesmo quando procuramos um atendimento de saúde. Então isso fere a nossa alma assim como feriram um dia o coração de Jesus”, ressaltou Keila.

Walbenice Pamplona, 42, ficou emocionada, já que o filho, Vinicius Pamplona, foi quem encerrou a cerimônia com chave de ouro cantando uma música especial para aquele momento. “A sensação de ver ele cantando é só uma: de muito orgulho. Assim como eu sei que cada mãezinha tem ao olhar seu filho, com muito amor. A missa é um marco para a vida de muitos pais, tenho certeza”, concluiu.

Após a missa, as crianças puderam participar de um momento de brincadeiras, em um espaço montado na parte externa do templo. A missa é realizada uma vez por mês, sempre no primeiro domingo, com início às 9h, na paróquia de Nossa Senhora do Bom Remédio, localizada no Conjunto Satélite, WE-6, no bairro do Coqueiro, em Belém.