Grande Belém

Fumaça continua afetando as pessoas na Grande Belém

A fumaça se espalhou até mesmo para locais distantes do aterro do Aurá, em Ananindeua. Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.
A fumaça se espalhou até mesmo para locais distantes do aterro do Aurá, em Ananindeua. Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Luiz Flávio

A grande quantidade de resíduos orgânicos que o local recebeu durante mais de 20 anos e sua consequente decomposição (chorume) que acaba por gerar gás metano, pode ser a principal causa dos focos de incêndio que vem atingindo a área do aterro do Aurá, em Ananindeua desde a semana passada. Não está descartada, entretanto, a hipótese de causas não naturais, com origem na queima de materiais dentro do aterro.

O fenômeno vem levando muita fumaça para várias áreas de Belém e causando inúmeros transtornos a moradores, sobretudo na madrugada e nas primeiras horas da manhã. O tempo seco facilita a propagação das chamas e da fumaça, tornando o ar praticamente irrespirável na área do antigo lixão, prejudicando principalmente as pessoas que possuem doenças respiratórias.

A Secretaria de Saúde de Ananindeua informou que desde a última sexta-feira a Unidade de Urgência e Emergência de Saúde de Águas Lindas vem recebendo várias ocorrências de crianças com desconforto respiratório e sintomas asmáticos.

Sofia Paz, uma das coordenadoras da Ong “Pará Solidário”, que atua no auxílio de famílias carentes na região metropolitana, disse que ontem foi o 5° dia de incêndio na área do lixão.

DOENÇA

“As pessoas que moram no entorno já estão há quase uma semana inalando essa fumaça tóxica. Já estamos com muitas crianças doentes. Muitas famílias estão sem poder trabalhar no lixão e muitos continuam lá, trabalhando, no meio do fogo e da fumaça, porque senão morrem de fome”, alerta.

Segundo ela, o incêndio dentro do lixão decorre de combustão espontânea. “Isso acontece o ano inteiro, mas dessa vez houve muitos focos de incêndio e generalizou”, comenta a representante da Ong, que atende diretamente a 200 famílias no aterro, número que aumentou para 350 desde quando os focos de incêndio começaram.

Na última segunda-feira era possível ver no local catadores andando no meio dos focos de incêndio sem qualquer equipamento de proteção e caminhões fazendo descarte de lixo no aterro, que foi fechado em agosto de 2014, mas que desde 2015 que recebe entulhos e lixo industrial da Região Metropolitana de Belém. O despejo de lixo doméstico é proibido.