Even Oliveira
A forte chuva que caiu sobre Belém no início da noite da última quinta-feira (4) trouxe sérios transtornos aos feirantes do Mercado Ver-o-Peso, que atualmente operam em uma área provisória localizada onde antes funcionava o estacionamento do mercado. As barracas, situadas em um local improvisado pela Prefeitura, foram fortemente afetadas, resultando em alagamentos e prejuízos materiais para alguns dos trabalhadores.
Na manhã desta sexta-feira (5), a equipe do DIÁRIO foi até o local e observou que algumas lonas possuíam furos, o que facilitou a entrada de água da chuva no dia anterior. Contudo, não havia equipes da Prefeitura para reparar o problema.
Elizabeth Melo Medeiros, 54 anos, dona de um box de comida, conta que o alagamento foi quase instantâneo e fez um vídeo para relatar a situação. Ela conta que teve que sair além do horário de costume para verificar se o ocorrido não causaria danos materiais, somado a desordem em ver os clientes levantando para sair correndo enquanto a situação piorava.
“Em questão de cinco minutos estava tudo alagado. A lona estourou e a água inundou rapidamente. Tivemos que enxotar a água com vassouras, mas ainda assim, colegas tiveram mercadorias e equipamentos danificados”, relatou Elizabeth, que trabalha no Ver-o-Peso há mais de três décadas. “Estamos aqui sofrendo, com medo de novas chuvas e sem ver uma mudança real. Queremos trabalhar com dignidade”, expressou.
Além dos transtornos imediatos, a feirante relatou prejuízos emocionais para continuar com a lida diária. “Bati minha perna e fiquei com um nó na canela. Foi um transtorno muito grande. A gente está em um lugar que era pra ser seguro, mas derramou água por cima das coisas dos meus colegas; é tão difícil trabalhar nessa situação. É uma tristeza”, disse abalada.
A cozinheira Nelma Passos, 46, destacou um dos prejuízos ocorridos, a perda de um freezer. “A chuva foi tão forte que transbordou, molhou o freezer e parou de funcionar, causando um prejuízo de cerca de R$ 5 mil. A gente tentou proteger com lona, mas não deu tempo”, lamentou.
RISCO
Eliana Ferreira, 57 anos, também dona de um dos boxes, descreveu a situação como um risco para a segurança dos feirantes e clientes, especialmente para as funcionárias dela. “Estava de saída quando a chuva começou. A lona desabou e ficou um lago. Duas moças que trabalham comigo chegaram até a cair tentando arrumar as mesas na hora da chuva”, reforçou.
Outros problemas também são encontrados no local. “Esse tapume colocado aqui só fez piorar a situação, bloqueando a ventilação e a entrada de luz. O compensado do chão fica igual um sabão. É muito abafado aqui dentro. Acredito até que os clientes ficam com receio de entrar. Precisamos de melhorias urgentes”, ponderou.
O problema da água na feira provisória segue para além das chuvas. Fátima Ferreira, 56 anos, expressou sua frustração com as condições do local. “Estamos aqui sem água há quatro dias e ontem ficamos sem energia. Fomos jogados numa situação precária, com chão de compensado e sem infraestrutura adequada. Isso é um desrespeito conosco”, pontua.