Alexandre Nascimento
Há 12 anos, a Prefeitura Municipal de Belém (PMB) anunciava a implantação do Bus Rapid Transit (BRT), assim como a construção da via expressa para uso dos veículos articulados e estações estruturadas para interligar as avenidas Almirante Barroso e Augusto Montenegro. Uma obra orçada em R$ 400 milhões, mas que em todo esse tempo, nem de longe atende os anseios de quem depende do transporte público da cidade.
Entre os problemas apresentados pelo sistema, a estrutura das estações do BRT são as que mais têm desagradado os usuários. A equipe do DIÁRIO DO PARÁ percorreu algumas dessas estações e encontrou pichações, baixa iluminação, tapume substituindo o vidro das portas.
A estação que mais possui sinais de abandono está localizada na avenida José Malcher, no bairro de São Brás, ao lado da praça da Leitura. O espaço desde que foi inaugurado nunca foi usado e, por isso, apresenta as paredes pichadas, as portas de vidros abertas e completamente ocupadas por pessoas em situação de rua, que utilizam os corrimões para estender roupas.
Já ao longo da avenida Almirante Barroso, a estação que fica próximo a travessa Mauriti, em frente a um hospital particular, apesar de estar funcionando, também apresenta problemas. Segundo os usuários, de maneira constante a estação tem a fiação roubada durante a madrugada, problema que perdura dias e compromete a iluminação do espaço e até paralisa o funcionamento da catraca eletrônica.
“É comum a gente entrar nessa estação e ver que o teto está arrombado e a fiação foi toda roubada, aí fica sem energia por dias, a catraca não funciona e, como não temos culpa de nada, o funcionário que trabalha aqui manda a gente passar sem pagar a passagem. Tudo isso porque essa estação não recebe atenção”, denunciou Jamile Nazareno, 37 anos, técnica em enfermagem.
Outras três estações que ficam na Almirante Barroso, sendo uma em frente à travessa Enéas Pinheiro e as outras próximas à rua Tavares Bastos, são alvos de depredações como pichações e portas de vidro quebradas, e recebendo a fama de “elefantes brancos”, devido à inoperância.
A falta de estrutura também atinge estações do BRT que estão em pleno funcionamento. Na estação que fica em frente ao condomínio Morada do Sol, por exemplo, a porta de vidro quebrada foi tampada de forma improvisada por um tapume que coloca em risco a vida dos usuários. “Tem bastante tempo que essa porta está assim, um risco danado da pessoa se escorar e isso não aguentar. Na verdade, isso mostra todo o descaso que essas estações estão passando”, concluiu Juvenal Couto, 45 anos, pedreiro.
O que diz a Semob
A Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informa que as estações do BRT ficam prejudicadas, em função dos recorrentes furtos de cabos de energia, que comprometem o fornecimento de energia elétrica e o sistema das estações. A Semob diz que os furtos ocorrem, praticamente, todos os dias, afetando várias estações do sistema BRT.
A autarquia informa ainda que sempre que é identificado o furto, é feito o registro de Boletim de Ocorrência, para a abertura de inquérito policial, apuração e identificação dos responsáveis pelo ato criminoso.
Ainda segundo o órgão, quando há furto de cabos de energia, as estações que ficam prejudicadas operam parcialmente e equipes da Semob trabalham para restabelecer a energia nessas estações, o mais rápido possível, e, com isso, minimizar os impactos à população usuária das mesmas.
A autarquia informa que já solicitou à Guarda Municipal de Belém (GMB), que intensifique o policiamento nessas estações, a fim de coibir esses delitos, e que está em andamento um processo de contratação da empresa de manutenção dos prédios das estações e terminais do sistema BRT.