Grande Belém

Escola Palmira Gabriel terá intervenções após atentado

O Ministério da Educação (MEC) investirá R$ 525,9 milhões na conclusão das obras, visando criar mais de 106,5 mil novas vagas na rede pública
O Ministério da Educação (MEC) investirá R$ 525,9 milhões na conclusão das obras, visando criar mais de 106,5 mil novas vagas na rede pública

Wesley Costa

As atividades na Escola Estadual Palmira Gabriel seguem suspensas, após um adolescente ter esfaqueado outro aluno dentro da unidade de ensino na tarde da última quinta-feira (30). O episódio de violência assustou moradores do entorno e gerou grande comoção na capital paraense.

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informa que a Escola Palmira Gabriel passará por requalificação que inclui a troca de mobiliários, carteiras, manutenção nos espaços, além de reparos emergenciais no prédio, e reforço na merenda escolar. “Durante os 20 dias de intervenção na infraestrutura, a comunidade escolar receberá atendimento multidisciplinar por equipes da Seduc. A Secretaria ressalta ainda que a reposição das aulas será definida junto à comunidade escolar”, reiterou.

Na manhã de ontem (3), alguns pais e responsáveis foram até a escola para obter informações sobre a segurança e o retorno das aulas. A informação repassada era de que a normalização das atividades está prevista para acontecer na próxima segunda-feira (10). Quem tem filho matriculado na unidade diz que ainda está com certo receio desse retorno.

O adolescente Antony Santos, 16 anos, foi um dos alunos que conseguiu escapar do momento de violência. “A sala dele fica bem ao lado da sala onde o agressor estudava. Quando ele percebeu o que estava acontecendo correu para o lado de fora e quase foi agarrado também. Mas conseguiu fugir e pedir ajuda aqui na frente”, contou a mãe, Josiane Santos.

Apesar do aluno estar bem e não demonstrar medo de retornar aos estudos, a preocupação fez a mãe ir até a escola para pedir a transferência de horário do filho. “Graças a Deus ele tem um psicológico bem forte, mas a gente como mãe ainda fica com receio. Por isso, quero trocar ele de horário para ficar com o coração mais tranquilo”, diz.

Além da escola estadual que passou por essa situação, a angústia e o medo de um possível atentado também foi sentido por alunos e funcionários do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), campus Belém. Na última sexta-feira (31), uma postagem feita em uma rede social informava de que um possível atentado seria feito no prédio da instituição.

Por meio de nota, o IFPA informou que, diante da ameaça de atentado direcionada ao campus, o instituto precisou acionar a Polícia Civil e a Polícia Federal, para que as devidas providências fossem tomadas em prol da segurança do corpo estudantil e dos profissionais da educação que ali atuam. As aulas no campus foram suspensas e retornaram nesta segunda-feira (3) enquanto o caso segue sendo investigado pelos órgãos de segurança.

A Escola Palmira Gabriel ainda tem pais e estudantes em clima de angústia com violência
FOTO: CELSO RODRIGUES

TRAUMAS

Em casos traumáticos como esses, especialistas afirmam que é necessário trabalhar um planejamento acolhedor, levando em consideração os aspectos mentais e socioemocionais de toda a comunidade acadêmica. “A escola é um lugar de aprendizagem e desenvolvimentos de interações, onde a gente pensa que os filhos estão protegidos. Diante de uma situação traumática e assustadora é necessário criar esse local escuta”, diz a psicóloga Niamey Granhen.

“Os pais precisam prestar atenção nos seus filhos, porque situações como essas nunca acontecem do nada e, diante de alguns comportamentos, não podemos tratar como uma fase da adolescência. Às vezes, são pequenos sinais que dão indícios de que algo está errado ou até mesmo como sendo um pedido de socorro”, confirma a especialista.

A psicóloga destaca que a saúde mental dos professores também deve estar em evidência dentro dos processos e planejamentos das instituições de ensino, tendo ainda como apoio políticas públicas e de toda a sociedade. Algumas atividades podem ajudar na retomada dos alunos e também previr que outros episódios semelhantes ocorram.

“Ali, em sala de aula, o educador pode, por exemplo, promover dinâmicas de autoconhecimento e respeito. Muitas vezes, em ambientes escolares como é o caso do qual estamos tratando aqui, uma brincadeira pode não ser somente uma brincadeira. Por não conhecermos a mente de todos, isso pode ser um gatilho para ações inesperadas”, lembra Granhen.

A participação dos pais no ambiente escolar também deve ser constante. “A presença do responsável sempre vai contribuir para o melhoramento do ambiente escolar, assim como ações preventivas. Não podemos, por exemplo, falar de saúde mental ou outros assuntos, somente quando ocorrer o fato. É necessária uma constância de diálogos”, orienta a psicóloga.