Grande Belém

Em pleno verão amazônico, bebidas estão mais caras em Belém

os reajustes nos preços das bebidas superaram a inflação e chegaram a quase 20%, mais que o dobro da inflação estimada para o mesmo período. Foto: Diário do Pará
os reajustes nos preços das bebidas superaram a inflação e chegaram a quase 20%, mais que o dobro da inflação estimada para o mesmo período. Foto: Diário do Pará

Even Oliveira

As altas temperaturas que têm castigado a capital paraense por causa do período caracterizado como verão amazônico, estão impulsionando as vendas dos vendedores ambulantes e donos de depósitos de bebidas. Mas segundo uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), publicada nesta terça-feira (11), os reajustes nos preços das bebidas superaram a inflação e chegaram a quase 20%, mais que o dobro da inflação estimada para o mesmo período (4%); em alguns casos, afetando especialmente itens como água mineral, refrigerantes e cerveja.

Cléo Moreira, proprietário de um depósito no bairro da Pedreira, explica que os aumentos de preços das distribuidoras acabam sendo repassados ao consumidor final. No estabelecimento, a procura dos clientes é frequentemente ligada à cerveja, que é o carro-chefe, assim como refrigerantes e, por último, água.”Os custos com energia elétrica e funcionários são muito altos, e isso acaba desencadeando no preço final do produto. O aumento da cerveja, o produto que mais vendemos, acaba puxando os preços de outras bebidas”, comentou Cléo.

Conforme o Dieese, os preços das bebidas em supermercados variam significativamente. A unidade de 200ml de água mineral custa entre R$0,49 e R$1,28, enquanto a garrafinha de 330ml varia de R$0,98 a R$1,08. Já em bares e restaurantes, os preços mais que dobram, e nos ambulantes, a garrafa de água pode chegar a R$5,00. A água de coco, outra pedida popular em Belém, pode ultrapassar R$10,00.

Evandro Pereira, de 41 anos, vendedor ambulante em São Brás, relatou que a procura por água tem sido relativamente baixa. Ele prefere comprar em depósitos já conhecidos que promovem descontos. “Consigo vender mesmo apenas em momentos de calor intenso”, disse. Com as vendas abaixo do esperado, Evandro vende outros produtos como bombons para complementar a renda.

O motorista de ônibus Adilson Palmeira, 43, descreve que chega a consumir até três litros de água por dia para enfrentar o calor durante suas jornadas de trabalho. Ele que sai de Mosqueiro até bairros como São Brás, mantendo uma boa distância de casa, tem que sair acompanhado de uma garrafa de água; quando não é possível, recorrer às vendas nas ruas. “Eu costumo trazer água sempre que posso, mas quando preciso comprar na rua, já cheguei a pagar até R$5,00 por uma garrafa de 500ml. Não é fácil ficar exposto nesse sol escaldante, então é sempre bom estar hidratado e passando um protetor solar”, comentou Adilson.

Os refrigerantes também tiveram aumentos consideráveis. A lata de 350ml, dependendo da marca do produto, sabor e local de compra, tem sido vendida entre R$2,25 e R$3,29 em supermercados, e pode ser encontrada por R$5,00 em pontos de venda informais. A cerveja de 350ml, com preços entre R$2,79 e R$5,69 nos supermercados, têm valores ainda mais altos nos bares e ambulantes.

FRUTAS

Segundo o Dieese, as frutas também estão mais caras. A pesquisa aponta que, em comparação com 2023, em maio o limão teve um aumento (62,70%), onde o quilograma (kg) chegou a ser comercializado por R$4,10; seguido pela tangerina (30,66%), o kg vendido a R$13,51; e a unidade do abacaxi a R$7,52 (30,56%). Já o Mamão foi a fruta que sofreu a menor porcentagem, com 0,57%.