A cada dia, cinco leitos de internação do Sistema Único de Saúde (SUS) foram fechados em todo o Brasil nos últimos 13 anos. Em 2010, o País dispunha de 335 mil leitos públicos, aqueles destinados a quem precisa permanecer num hospital por mais de 24 horas. Já em 2023, essa quantidade baixou para 309 mil, ou seja, uma redução de 8% no total. Um a cada três leitos de internação do SUS se encontram nas capitais.
Levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), feito com base no Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES), mantido pelo Ministério da Saúde, que considera todos os leitos de internação existentes no País. Os dados revelam que mesmo o aumento no número de leitos de internação do SUS dos tipos clínico e cirúrgico não foi o suficiente para superar a perda de outras modalidades (pediátricos, psiquiátricos e obstétricos, entre outros).
O termômetro sensível dessa queda aparece no tempo de espera por atendimento de pacientes que aguardam procedimentos eletivos, por exemplo. Mais de 1 milhão de procedimentos cirúrgicos desse tipo estavam travados na fila do SUS em todo o Brasil em junho do ano passado, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Enquanto isso, o levantamento do CFM aponta que, entre 2010 e 2023, a quantidade de leitos de internação cirúrgicos do SUS se manteve praticamente estável (1% de crescimento). Há 13 anos, eram 76.690. No ano passado, foram verificados 77.723. Para o presidente do CFM, José Hiran Gallo, por anos a Autarquia alertou sobre essas distorções.
“Ao longo de diferentes governos – seguiam fechando leitos, milhares de brasileiros aguardavam, e ainda aguardam, na fila do SUS para realizar uma cirurgia eletiva, por exemplo”, destacou o presidente José Hiran Gallo, lembrando que outros fatores justificam a ampliação do número de leito de internação.
Entre eles, estão: o aumento da sobrevida dos pacientes, o envelhecimento da população, o aumento da morbidade de doenças crônicas, a maternidade tardia e de alto risco e o crescimento do número de vítimas de acidentes de trânsito e da violência urbana, que, muitas vezes, precisam de observação em unidades hospitalares após a o atendimento de emergência.
Especialidades – A queda mais acentuada se deu nos leitos psiquiátricos: entre 2010 e 2023, mais da metade das 38 mil unidades desta natureza foram fechadas. Restaram 16 mil. A diminuição dos leitos pediátricos também foi grande no período. Em 2010, havia 51 mil, mas 13 anos depois (em 2023), eram 37 mil (uma redução de 15 mil leitos, ou seja, 28%). O mesmo aconteceu com os leitos obstétricos. No período, 7 mil unidades deixaram de existir (17% do total).
Considerando apenas os leitos pediátricos, psiquiátricos e obstétricos, entre 2010 e 2023, o Brasil perdeu 44 mil leitos. Em termos percentuais, a queda nas três especialidades mencionadas é de 33%, no período analisado. Isso implica na suspensão de oferta de serviços em, em média, nove leitos pediátricos, psiquiátricos e ginecológicos por dia ao longo desses 13 anos.
Belém possuía em 2010 um total de 2.369 leitos de internação. Em 2023, os números caíram para 2.251, e a capital perdeu 118 leitos em 13 anos.