Ana Laura Costa
“Hoje, sou a primeira operadora de produção promovida em tão pouco tempo de empresa. Fui a primeira mulher a trabalhar na área de lingotamento e ainda sou a única operadora da fundição. Pretendo ser a primeira supervisora da área”, afirma a operadora de produção II, Jacqueline Santos, de 48 anos.
A profissional é uma das mulheres que demarcam os avanços rumo à equidade de gênero no mercado de trabalho, sobretudo em cargos de liderança. Apesar dos desafios como, por exemplo, o assédio no ambiente de trabalho – um dos principais desrespeitos cometidos contra mulheres, segundo a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), a presença feminina no mundo corporativo é cada vez maior.
No caso de Jacqueline, que atua na área industrial, no início não foi fácil. No entanto, desistir não era uma opção, já que seu sonho era trabalhar na maior empresa produtora de alumínio primário no país, a Albras, onde atua há cerca de dois anos. “Conheço cada um da minha equipe e eles se abrem comigo, os aconselho. Não é um trabalho fácil, é bem cansativo, trabalhamos com equipamentos pesados, mas eu gosto muito do meu trabalho e tenho muito incentivo. Lutei muito para chegar onde estou e quero estar entre os melhores, não penso em mudar de área”.
Na empresa em que Jacqueline trabalha, há um Comitê Feminino, onde são realizadas reuniões mensais para acessar informações sobre como está a evolução da meta para atingir até 25% de mulheres na Albrás. “Nessas reuniões, os gestores perguntam nossos objetivos, plano de carreira, dificuldades, como estamos nos sentindo no trabalho, como a empresa pode nos ajudar. A empresa se preocupa com nossas dificuldades e objetivos e, a partir do que falamos, nos dão suporte para avançar”.
A supervisora de Operação Ozileia Machado, 42, que atua na mesma empresa há 15 anos, é a prova de como iniciativas afirmativas para mulheres são importantes para impulsionar a diversidade de gênero no mundo corporativo. Ozileia entrou na Albras como bolsista, na terceira seleção de bolsas para mulheres, em 2008, quando a empresa iniciava as ações voltadas para diversidade e inclusão nas operações. Dentre 30 mulheres que participaram do processo seletivo, 10 foram escolhidas e ela foi uma delas.
“Comecei a trabalhar na Redução 1, área onde estou até hoje. Na época, nesse setor tinha apenas uma mulher, uma secretária”, lembra. “Para os operadores, todos homens, na época, era uma novidade ter uma mulher naquela área”.
Ainda de acordo com Ozileia, ela sempre se sentiu e foi estimulada dentro da empresa para se desenvolver profissionalmente, o que foi essencial. “Hoje, supervisiono 16 homens e duas mulheres. Acho que inspirei outras mulheres. Para que a mulher possa se desenvolver nas operações, ela tem que ser acompanhada. Cada uma tem um perfil e a empresa tem que dar suporte para que as mulheres sejam exemplo, tenham histórias bonitas para contar, que possam chegar a se aposentar na empresa, ser referência para outras empresas e para que possamos ser motivo de orgulho”, disse.
Outras duas mulheres também fazem a diferença como membros das diretorias nas quais fazem parte, Cláudia Hage, da Diretoria de Decoração, e Rosa Souza, da Diretoria de Procissões, ambas do Círio de Nazaré.
Quando todos se emocionam com a berlinda que leva a imagem de Nossa Senhora de Nazaré na Trasladação, os olhares também estão voltados para a decoração, elemento muito bem pensado por Cláudia. “Nós entramos com delicadeza, pensamos em toda a composição de flores, harmonia de cores, damos um toque feminino. Pois quando se pensa a decoração da berlinda, tentamos harmonizar para emocionar as pessoas, realizar um trabalho que as pessoas olhem e se emocionem”, destaca.
Hage também toma a frente da agenda de eventos que exigem decoração, entra em contato com os fornecedores, principalmente, nos eventos ligados à Festa de Nazaré. “Nosso objetivo é agradar a Deus e ao povo de Deus, me sinto uma filha trabalhando com a Mãe”.
Já Rosa Souza coordena, durante a procissão de domingo, os carros das promessas que transportam objetos que representam as graças alcançadas pelos fiéis. Ela também é responsável por conduzir os estudantes das escolas que participam do processo. “Nós também somos responsáveis por passar tranquilidade, analisar o que está acontecendo, dar palavras de conforto e segurança aos que trabalham nas procissões, para que tudo ocorra bem. Levamos leveza, direcionamento”, diz