INVESTIGADO POR CORRUPÇÃO

Daniel Santos pode perder mandato e ficar inelegível, aponta especialista

Afastamento, bloqueio de bens e investigação de R$ 260 milhões marcam Operação contra prefeito. Veja o que pode acontecer com ele.

Afastamento, bloqueio de bens e investigação de R$ 260 milhões marcam Operação contra prefeito
Afastamento, bloqueio de bens e investigação de R$ 260 milhões marcam Operação contra prefeito

O afastamento cautelar do prefeito de Ananindeua, Daniel Santos (PSB), foi determinado por decisão liminar do desembargador Pedro Sotero, do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), a pedido do Ministério Público do Estado (MPPA), dentro da Operação Hades. A medida é válida por 180 dias e busca garantir a apuração de indícios de fraudes em licitações, corrupção e lavagem de dinheiro.

Segundo o advogado especialista em Direito Público, Gabriel Barreto, inicialmente o MPPA chegou a pedir a prisão preventiva do prefeito.

“O argumento era de que Daniel Santos poderia estar obstruindo a investigação, com risco de intimidação de testemunhas e destruição de provas”, explica.

O desembargador, no entanto, considerou mais adequado o afastamento temporário, em vez da prisão.

“A decisão cautelar não é uma condenação, mas serve para evitar que o investigado interfira na coleta de provas, conforme prevê o Código de Processo Penal”, afirma.

Segundo o advogado especialista em Direito Público, Gabriel Barreto, inicialmente o MPPA chegou a pedir a prisão preventiva do prefeito.
Segundo o advogado especialista em Direito Público, Gabriel Barreto, inicialmente o MPPA chegou a pedir a prisão preventiva do prefeito. Foto: Divulgação

Além do afastamento, foram determinadas medidas como bloqueio de bens, mandados de busca e apreensão, e outras providências para assegurar a investigação.

Suspeitas de Desvio e Lavagem de Dinheiro

“Os contratos sob análise somam R$ 115 milhões, mas os desvios podem superar R$ 260 milhões. Há suspeitas de compra de fazenda de R$ 16 milhões e de uma aeronave com recursos públicos, o que caracteriza desvio de verba e lavagem de dinheiro”, ressalta.

A defesa do prefeito pode recorrer da decisão.

“Existe a possibilidade de apresentar um Agravo Interno ao próprio TJPA, que será julgado por um colegiado. Caso seja negado, ainda cabe recurso aos tribunais superiores, como STJ e STF”, explica Barreto.

Mesmo sem prisão decretada, a medida pode ser retomada.

“Se surgirem novas provas de que o prefeito tenta manipular a investigação, o Ministério Público pode renovar o pedido de prisão preventiva”, afirma.

Possíveis Acusações e Implicações Legais

Caso a investigação avance, Daniel Santos poderá enfrentar acusações criminais de peculato, corrupção passiva, associação criminosa, coação no curso do processo e lavagem de dinheiro.

“Além disso, pode responder por improbidade administrativa, que prevê perda da função pública, suspensão dos direitos políticos, ressarcimento ao erário e proibição de contratar com o poder público”, detalha.

Dependendo do desfecho, o afastamento atual pode se tornar definitivo.

“Se houver condenação penal ou cível, ele pode perder o mandato. A Câmara Municipal também pode discutir a cassação, e uma eventual condenação criminal pode torná-lo inelegível pela Lei da Ficha Limpa”, explica o advogado.

Enquanto isso, o vice-prefeito Hugo Atayde (PSB) assume interinamente a prefeitura.

“O caso é de grande repercussão política e jurídica, e pode impactar não apenas a gestão de Ananindeua, mas o cenário eleitoral do Pará nos próximos anos”, conclui Barreto.