Grande Belém

Criançada do Curro Velho invade as ruas com folia

Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará
Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará

Diego Monteiro

Na manhã deste sábado, 24, cerca de 600 foliões, entre crianças e jovens, saíram às ruas para o desfile carnavalesco do Grêmio Recreativo Escola de Samba Crias do Curro Velho. A tradição pelas vias do bairro do Telégrafo, em Belém, acontece há pelo menos três décadas e, neste ano, trouxe para as ruas o tema “Natureza, Eco dos Elementos e Elementais”.

Ao percorrer o trajeto, a alegria da criançada estava em sintonia com o tema do desfile, que alerta para a importância da prevenção ambiental. A mensagem busca estimular reflexões na população sobre questões ambientais ou culturais, com enfoque na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada na capital paraense, em novembro de 2025.

“Se não tivesse sido suspenso por causa da pandemia, esta seria a 34ª edição do nosso desfile. Hoje [sábado] estamos comemorando o nosso 31º cortejo pelas ruas da capital paraense. Colocamos a natureza em destaque, pois precisamos falar sobre todos os dias. Sem natureza a gente não vive, então porque não preservar?”, declarou Jorge Cunha, coordenador de iniciação artística do Instituto Curro Velho.

Outro detalhe é que este ano, o enredo da Escola de Samba aborda os quatro elementos físicos fundamentais da natureza: fogo, terra, água e ar, suscetíveis a desequilíbrios devido à ação humana irresponsável. Além disso, o desfile chamou a atenção para o quinto elemento, representado pelo espírito ou éter, carregando características místicas e espirituais pelas ruas.

Quanto às indumentárias, foi necessária uma equipe com cerca de 20 funcionários. “São pessoas que realizaram um trabalho excelente, com o colorido representando a energia e as brincadeiras tanto das crianças quanto da natureza. Tivemos apoio em todos os aspectos, inclusive na concepção e construção dos carros alegóricos, proporcionando grande beleza durante todo o percurso”, complementou Jorge.

Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará

Tradição

Como acontece todos os anos, a pequena escola de samba é formada por alas como as presentes nas grandes e tradicionais agremiações, além, claro, da bateria que reuniu aproximadamente 160 meninos e meninas. Para assumir um instrumento, as crianças passam pela preparação com as oficinas ministradas pelo Curro Velho, com práticas durante o calendário cultural.

Quando a bateria deu os primeiros toques, Débora Gomes Cardoso, 45, brilhou durante o cortejo em sua cadeira de rodas. “Aqui eu me sinto representada. É um estímulo para que pessoas como eu possam mostrar que dá para se divertir, que é possível e que o carnaval abre as portas para todas as pessoas. Agora é só chegar ao final do desfile, mas adianto que a sensação de dever cumprido”, afirmou.

A dentista carrega o título de primeira Pessoa com Deficiência a assumir a função de porta-bandeira em Belém. “Faço o uso da cadeira de rodas há 13 anos e no ano passado foi a minha estreia, com uma fantasia cheia de cores que a dificuldade foi o menor dos detalhes. Então esse ano estamos repetindo essa dose, com frio na barriga, mas com alegria em poder participar desse momento”, acrescenta Débora.

Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará

Os organizadores do evento destacam que o cortejo tem como objetivo evidenciar que o projeto é de cidadania, principalmente por incentivar as relações entre as crianças, o respeito e o trabalho coletivo. Além disso, ressaltam que, semelhante ao ano de 2023, a edição deste ano utiliza predominantemente materiais recicláveis na elaboração tanto das fantasias quanto dos carros alegóricos.

“Todos os anos, ficamos na expectativa de ver esses meninos e meninas, com talento lindo, se organizarem aqui na frente de casa para desfilar e levar mensagens de extrema relevância. Eu particularmente amo o trabalho que é realizado pelo Curro Velho, e esse desfile evidencia isso. Agora, já estou ansiosa para 2025, pois tenho certeza que vai ser lindo”, disse Janne Garcia, 28, advogada.