Comissão de Defesa Civil treina voluntários para o Círio

Cintia Magno

Diante da multidão de cerca de 2 milhões de pessoas que tomam as ruas do centro de Belém durante o Círio de Nazaré, não são poucas as situações em que é preciso contar com o apoio e o atendimento do próximo. Com o objetivo de justamente oferecer suporte a quem precisar no dia da procissão, a Comissão Municipal de Defesa Civil (Comdec) deu início ao treinamento das pessoas que se inscreveram para ser voluntários como socorristas nas procissões do Círio de Nazaré 2023.

O presidente da Comissão Municipal de Defesa Civil de Belém, Claudionor Corrêa, explica que o treinamento da Defesa Civil para quem deseja ser voluntário é totalmente gratuito, mas obrigatório, mesmo para aqueles voluntários que já tenham experiência ou formação na área da saúde.

“Para o nosso voluntário participar do Círio é obrigatório ele receber esse treinamento, mesmo que ele já tenha uma formação, mesmo que ele já tenha um treinamento ele precisa refazer”, explicou, durante a realização do primeiro dia de formação, no sábado (16). “Hoje (sábado), nós estamos treinando 100 voluntários, mas diretamente voluntários da Defesa Civil devem ser 1.500 pessoas porque nós trabalhamos com sete postos na Trasladação e cada posto tem 100 pessoas, então, são 700 voluntários no sábado e 800 voluntários no domingo, quando a gente forma oito postos”.

São esses voluntários que fazem o primeiro atendimento às pessoas que, eventualmente, passam mal ou se acidentam durante as procissões. “É ele que aborda uma vítima de desmaio, de torção ou de qualquer lesão que ele sofra na procissão. A equipe faz abordagem da vítima e o transporte até o posto de atendimento, onde fica uma equipe médica que vai avaliar o estado da vítima e dizer se é necessário a vítima ser deslocada para uma unidade hospitalar ou não e, dali mesmo, ele vai para casa ou retorna para a procissão”.

Há 28 anos a voluntária Rosângela Dantas, 50 anos, vivencia o Círio de Nazaré prestando apoio às pessoas que passam mal ou se acidentam. E lembra que a vontade nasceu quando ela própria precisou desse auxílio. “O meu pai estava internado e a minha mãe e eu decidimos acompanhar o Círio para fazer nossas orações para que a Santinha ajudasse meu pai a sair daquela situação que ele estava. A gente foi acompanhar o Círio, mas eu tive um episódio de escorregar em um bueiro e os voluntários me socorreram”, lembra. “No ano seguinte eu me preparei, fiz o curso e comecei a trabalhar como voluntária”.

A partir do gesto que lhe proporcionou acolhimento, Rosângela se tornou também uma voluntária e, mais do que isso, buscou formação profissional na área da saúde, onde atua até hoje. Mas sem nunca abandonar o compromisso como voluntária do Círio. “Isso me fez formar em gestão hospitalar, como técnica em enfermagem e tenho vários cursos de primeiros socorros, eu me apaixonei pela área da saúde mesmo”, conta. “Quando eu consigo ajudar alguém que está precisando no Círio, o sentimento é de gratidão”.

A mesma gratidão é compartilhada pelo voluntário Denilson Nascimento Baía, 26 anos, que se prepara para atuar no Círio pela sexta vez. “Para mim é muito gratificante até porque a gente está doando um pouco do nosso tempo em prol de outras pessoas que estão no mesmo objetivo que a gente, às vezes estão pagando promessa”, considera, ao lembrar um atendimento que lhe marcou ao longo desses anos.

“Teve um ano que a gente tirou uma vítima da corda. Foi bem difícil retirar ela dali por conta do movimento e também porque ela, mesmo passando muito mal, não queria interromper a promessa dela, mas conseguimos fazer um bom atendimento e que ela ficasse bem”.

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