Diego Monteiro
Após três semanas do incêndio que destruiu oito lojas na 7 de Setembro com a 13 de Maio, no Centro Comercial de Belém, ambulantes e lojistas que atuam nas proximidades do sinistro ainda sofrem com uma redução significativa nas vendas. Segundo relatos dos trabalhadores, essa diminuição corresponde a cerca de 30%, impactando consideravelmente a renda mensal.
Fato semelhante ocorreu em abril deste ano, na rua 15 de Novembro, na mesma região, quando um incêndio de grandes proporções levou diversas entidades municipais a interditarem a área para tráfego de veículos e pedestres. Hoje, mesmo após a liberação total da via, os comerciantes estão mais aliviados. No entanto, a afirmação é de que as vendas ainda não voltaram ao normal.
Nos dois casos, os trabalhadores demonstraram ansiedade com a aproximação do Círio de Nazaré, na esperança de que o evento religioso possa reanimar o movimento e impulsionar as vendas. Segundo Ronaldo dos Santos, 50 anos, um dos principais receios da clientela ainda é a integridade das estruturas afetadas pelo incêndio, apesar de as paredes estarem devidamente escoradas.
“Precisamos trabalhar, então só nos resta torcer que as vendas possam ser recuperadas gradualmente, especialmente com a chegada da quadra nazarena, que atrai centenas de milhares de clientes para o comércio de Belém,” afirma Ronaldo.
Sobre o incêndio 7 de Setembro, a Prefeitura de Belém informou que o tráfego continua normal, apesar das restrições nas proximidades do edifício atingido pelo fogo. A administração municipal ressaltou que a realização de perícias no local só ocorrerá mediante solicitação dos proprietários junto ao Corpo de Bombeiros e Polícia Científica.
Aos 45 anos, a autônoma Irene Almeida contou que na época ficou impossibilitada de trabalhar por questões de saúde, mas que, com o passar dos dias, os esforços passaram a ser para recuperar o tempo perdido. “Agora a gente fica um pouco mais de tempo para ganhar um dinheirinho. Esse tipo de situação sempre acontece, então é preciso que haja uma fiscalização rigorosa nesses estabelecimentos”, disse.
O pedido de vistorias parte do princípio de que, sempre que ocorre um incêndio no Centro Comercial de Belém, não apenas os lojistas são afetados, mas dezenas de outros trabalhadores também são prejudicados, sendo obrigados a evacuar a área por motivos de segurança. Além disso, mesmo após a liberação das calçadas para o retorno dessas pessoas, a falta de clientes se torna uma realidade.
Josué Rodrigues, 27, trabalha como monitor em uma escola particular e relatou que, pelo menos uma vez por mês, especialmente próximo a datas comemorativas, ele precisa comprar itens para arrumar as salas dos alunos. “Com certeza evito passar perto do local do incêndio, pois mesmo que esteja devidamente escorado, não sabemos o que pode acontecer… imagine se desaba”.
Em uma nota recente, a Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel) informou que “atua com equipes para a realização de vistorias, já que o imovel, embora seja particular, está no centro histórico da cidade” e que “a Fumbel trabalha na atualização do inventário desses prédios, para averiguar, inclusive, a questão do uso desses espaços para estocagem de produtos e outros materiais”.