Grande Belém

'Chulé de Pato' arrasta 4 mil foliões pelas ruas do Guamá

Quem não se cansou da folia e desejou prolongar a brincadeira encontrou no bairro do Guamá o lugar certo para fechar com chave de ouro a maratona carnavalesca. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.
Quem não se cansou da folia e desejou prolongar a brincadeira encontrou no bairro do Guamá o lugar certo para fechar com chave de ouro a maratona carnavalesca. Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.

Diego Monteiro

Quem não se cansou da folia e desejou prolongar a brincadeira encontrou no bairro do Guamá o lugar certo para fechar com chave de ouro a maratona carnavalesca. Durante a tarde e a noite desta quarta-feira, 14, o bloco Chulé de Pato arrastou uma multidão de brincantes pelas ruas da região, aproximadamente quatro mil pessoas, de acordo com os organizadores, demonstrando que na periferia também pulsa Carnaval.

 

“Ainda é possível achar energia no corpo para aproveitar os últimos dias deste que é o período mais encantador para mim. E o Chulé de Pato surge exatamente para que possamos apreciar essa ressaca do Carnaval, com muita música, dança e ao lado das pessoas que amamos. É uma pena que acabou, mas a ansiedade é grande para o ano que vem”, declarou a servidora pública Maria Assunção, 55.

 

Antes de iniciar a festa, foi distribuída uma sopa adubada de mocotó para os foliões, como uma forma de afastar qualquer resquício de ressaca e garantir energia extra para o cortejo pelo bairro. Como ocorre todos os anos, a concentração dos foliões teve início por volta de 13h, na travessa Castelo Branco, entre as ruas Caripunas e Paes de Souza, e a saída aconteceu por volta das 16h sendo puxada por um trio.

 

A Quarta-Feira pode até ser de Cinzas, mas o folião que se preza aproveita até o último momento de Carnaval disponível. “Depois de tudo o que passamos por conta da pandemia da Covid-19, estar vivo merece esse momento de comemoração. Temos que aproveitar cada momento como se fossem os últimos dias de nossa vida, mas claro, com moderação”, afirmou a diarista Eva Vilma, 44.

 

E teve estreante no bloco… trata-se de Breno Barbosa, de apenas 1 ano, que mesmo com pouca idade participou do cortejo. “Talvez ele nem lembre no futuro, mas estamos registrando fotos para que ele possa ver que desde sempre esteve aqui, conosco, participando desse cortejo encantador do Chulé de Pato para manter o movimento vivo”, concluiu a mãe do pequeno, a autônoma Sandra do Socorro, 22.

 

Tradição

 

Neste ano, o Chulé de Pato adotou como tema principal “Paz no Mundo”, como uma forma de chamar a atenção para diversos assuntos, principalmente as guerras, e lembrar que a sociedade precisa de mais união. Segundo Paulinho Mururé, coordenador e fundador do bloco, o cortejo é uma maneira de expressar também que os moradores do Guamá merecem destacar suas alegrias e a força de viver.

 

“A mensagem foi transmitida como um dos nossos principais objetivos. Além disso, o bloco foi criado para ser democrático, para que todas as pessoas possam brincar, inclusive quem não conseguiu comprar uma fantasia. O que almejamos com tudo isso é preservar essa tradição em nosso bairro e continuar sendo uma das principais manifestações da cidade e do Pará”, explicou Mururé.

 

Paulinho concluiu: “E não podemos negar que somos grandiosos, tanto que há uma recepção maravilhosa da comunidade em relação ao bloco, e todos aguardam ansiosos por esse momento na Quarta-Feira de Cinzas. Vêm pessoas de vários cantos de Belém, até mesmo de outros municípios, e para nós, da organização, são essas coisas que nos enchem de orgulho todos os anos”.

 

Graciete Matos, 55, confirma que o Chulé de Pato é uma atração que já faz parte do calendário paraense. “Aproveitamos todos os dias de Carnaval, e não poderíamos encerrar em outro lugar, tinha que ser aqui. Costumo dizer que: ‘agora sim já podemos voltar para a nossa rotina’, com as energias recarregadas e com a alegria que esses momentos nos proporcionaram”, disse a técnica de enfermagem.

 

História

 

Em 2001, o Chulé de Pato foi fundado por um grupo de amigos que desejava proporcionar uma oportunidade de diversão para a população da periferia de Belém sem gerar custos com fantasias e abadás. Ao longo do tempo, os coordenadores também perceberam na folia uma oportunidade de movimentar a economia, gerar renda para os vendedores ambulantes e garantir alimento na mesa.