Grande Belém

Capital paraense teve o julho mais quente dos últimos 63 anos

Nas ruas de Belém as pessoas tentam estratégias para amenizar o calor FOTO: Ricardo Amanajás
Nas ruas de Belém as pessoas tentam estratégias para amenizar o calor FOTO: Ricardo Amanajás

Trayce Melo

O mês de julho de 2023 foi o mais quente já registrado na Terra, com 0,33 grau Celsius a mais que o recorde anterior de julho de 2019, segundo dados divulgados ontem (8) pelo Copernicus, programa de observação da Terra, da União Europeia.

De acordo com o relatório, o mês passado também foi marcado por ondas de calor e incêndios no mundo, com temperaturas médias na atmosfera de 0,72 grau acima das médias recentes de julho entre 1991 e 2020.

Em meio a esses dados, em Belém acontece a Cúpula da Amazônia, que reúne vários países que compõem a Amazônia para discutir sobre questões climáticas e outros assuntos. Quem circula pela cidade já sente na pele a mudança do clima.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a capital paraense teve o mês de julho de 2023 mais quente dos últimos 63 anos, registrando 35.6 graus Celsius (29/07/2023).

“As altas temperaturas na região amazônica devem-se à ocorrência do fenômeno El Nino, que é o aquecimento anômalo das águas do Oceano Pacífico Equatorial. Isso faz com que haja alterações na circulação da atmosfera, causando um déficit de chuva de um modo geral na Amazônia. Assim, a cobertura de nuvem menos densa faz com que os raios solares cheguem na superfície de forma mais intensa, causando um aquecimento maior da superfície”, esclarece o meteorologista do Inmet, Sidney Abreu.

O especialista ressalta que o sul do Pará passa pelo período mais seco do ano, onde as temperaturas chegam na casa dos 38.0 graus Celsius e podendo chegar eventualmente a 40 graus Celsius. “Outro agravante são as baixas umidades relativas do ar, que variam entre 30 e 20%, fazendo com que o solo se torne mais seco e, com isso, o aumento dos focos de queimadas na região. A partir de setembro essa área do Estado, gradativamente, apresentará aumento nos acumulados de chuva. Já a região mais a norte do Estado (Calha Norte, Baixo Tocantins) somente a partir de novembro. Marajó, Nordeste e Região Metropolitana, a partir de dezembro”, explicou.

Ele ainda adianta que a previsão para os próximos sete dias é de pouca chuva para o estado do Amapá, faixa norte do Pará, norte de Roraima, leste e sul do Amazonas com acumulados em torno de 30 mm. Os maiores acumulados são esperados para o noroeste do Amazonas, Acre e sul de Roraima com totais aproximados entre 40 e 80 mm.

Para Graceli Gomes, 55 anos, que trabalha como diarista, os dias estão mais quentes do que o normal. “É um calor tão intenso nunca visto, eu uso a sombrinha tanto para me proteger da chuva como do sol e passo protetor solar. Eu sempre venho para a parada de ônibus para chegar no trabalho, tem dias que o calor é insuportável. A tendência é piorar se continuarmos não preservando nossas florestas”, diz.

Já Patrícia Souza, 37 anos, autônoma, conta que não abre mão da sombrinha e da garrafinha de água. “Os dias estão muito quentes, eu sempre saio com a minha sobrinha e a garrafa de água para amenizar o clima. Eu tento sempre me proteger do sol, passo protetor solar também, mas a quentura é muito grande”, disse Patrícia.

O vendedor de picolé Moisés lima, 49 anos, conta que as vendas estão boas nos últimos meses. “Com as altas temperaturas, as pessoas na parada de ônibus estão comprando mais picolés para se refrescar e amenizar a temperatura. Todos os dias quando saio para trabalhar coloco duas camisas, uma de manga comprida e uma curta, uso protetor solar e o chapéu. Só assim para suportar o clima”, declara.