RESULTADOS

Brasil pode oferecer ao mundo solução para manter florestas em pé

Em documento entregue à presidência da COP 30, cientistas renomados ressaltam a importância de se buscar soluções baseadas na natureza para salvar Amazônia

Documento foi entregue à presidência da COP 30 em evento na última semana

FOTO: Isabela Castilho | COP30
Documento foi entregue à presidência da COP 30 em evento na última semana FOTO: Isabela Castilho | COP30

Um dos mais renomados climatologista e cientista brasileiro, conhecido por suas pesquisas sobre mudanças climáticas e a Amazônia declarou, em evento com o presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, que está otimista com relação aos resultados da Conferência sobre Mudanças Climáticas que acontecerá em Belém, em novembro.

Carlos Nobre faz parte do grupo de representantes de organizações da sociedade civil, centros de pesquisa, cientistas e lideranças comunitárias, que entregaram na última semana à Presidência da COP30, um conjunto de recomendações para escalar o financiamento de soluções baseadas na natureza com foco na Amazônia.

Em documento entregue à presidência da COP 30, cientistas renomados ressaltam a importância de se buscar soluções baseadas na natureza para salvar Amazônia e que serão debatidas na conferência de Belém

Nobre, em videoconferênica, destacou que a Amazônia é um dos chamados “tipping points” no planeta — regiões sob o risco de atingir o ponto de não retorno e perder, assim, sua capacidade natural de regeneração. “Mas estou otimista, animado com a COP30 porque há soluções muito positivas sendo discutidas”, afirmou. Nobre comemorou ainda o fato de que a COP30 será a primeira conferência do clima a contar com um pavilhão inteiramente dedicado à ciência.

Tipping points ou pontos de inflexão, são regiões onde ocorrem eventos amplificados de temperatura, que se aproximam do ponto de inflexão climática. Esse ponto representa um limiar crítico que, quando ultrapassado, leva a grandes e muitas vezes irreversíveis mudanças no sistema climático, o que pode afetar o equilíbrio de sistemas naturais e desencadear pontos de inflexão ecológica.

ROTEIRO

Faltando pouco mais de quatro meses da COP30, organizações da sociedade civil, centros de pesquisa, cientistas e lideranças comunitárias entregaram um conjunto de recomendações para escalar o financiamento de soluções baseadas na natureza com foco na Amazônia. O documento “Ampliando o grande financiamento de soluções baseadas na natureza para proteger a Amazônia: um roteiro para a ação”, destaca a Conferência em Belém como ponto de virada para colocar as florestas tropicais no centro da agenda climática e econômica global.

“Recebo a iniciativa com entusiasmo. Ela ajuda o mundo a entender a relevância da Amazônia e reforça que precisamos trabalhar com urgência em três frentes: zerar o desmatamento, avançar na conservação e escalar a restauração”, afirmou o embaixador André Corrêa do Lago. “O documento entregue a nós é contribuição importante para promovermos uma mudança radical na forma como vemos e cuidamos da Amazônia: o bioma é solução, não problema”, destacou o embaixador.

O documento destaca a importância de propostas concretas para a proteção das florestas, como a criação do Tropical Forests Forever Facility (TFFF), ou Fundo Florestas Tropicais para Sempre, em tradução livre, é um mecanismo inovador de financiamento contínuo e em larga escala para florestas tropicais, que deve ser anunciado durante a Conferência em Belém.

O mecanismo financeiro proposto, liderado pelo Brasil, foi criado para incentivar a conservação das florestas tropicais. Seu objetivo é mobilizar capital significativo, principalmente por meio de empréstimos e investimentos de mercado, para fornecer apoio financeiro de longo prazo aos países que mantêm e restauram sua cobertura florestal tropical. O TFFF será lançado oficialmente na cúpula do clima COP30, em Belém, Brasil, em novembro.

Noruega, Reino Unido e Alemanha confirmaram os primeiros aportes no Tropical Forests Forever Facility (TFFF), fundo lançado por iniciativa do Brasil para ampliar a proteção de florestas tropicais. A informação foi obtida durante as negociações climáticas que ocorreram na Alemanha, no final de junho. O objetivo do mecanismo é captar cerca de US$ 125 bilhões para garantir recursos permanentes voltados à conservação de áreas tropicais em diversos países. A proposta é assegurar apoio financeiro de longo prazo, especialmente para nações em desenvolvimento que enfrentam pressão sobre seus territórios florestais.

O diretor executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), André Guimarães, convidado pelo embaixador Corrêa do Lago para ocupar a função de Enviado Especial da Sociedade Civil para a COP30, reforçou que o TFFF pode alavancar uma transformação estrutural ao mobilizar US$ 5 bilhões por ano, sendo cerca de US$ 2 bilhões para a Amazônia. “Vamos nos lembrar que a Amazônia é responsável por 90% da irrigação da agricultura brasileira. A floresta é fundamental para todos”, disse. A ação internacional oferece pagamentos anuais a países que mantêm suas florestas tropicais em pé. O Brasil lidera esse movimento propondo uma troca justa: quem cuida da floresta, recebe por isso.