Grande Belém

Belém, um lugar onde muitos construíram a própria história

Em uma banca colorida no Mercado do Ver-o-Peso, entre cachaças de Jambu e castanhas do Pará, a vendedora Mônica do Socorro da Silva, 54 anos, compõe a diversidade de rostos, corpos e histórias que constroem a capital paraense. Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.
Em uma banca colorida no Mercado do Ver-o-Peso, entre cachaças de Jambu e castanhas do Pará, a vendedora Mônica do Socorro da Silva, 54 anos, compõe a diversidade de rostos, corpos e histórias que constroem a capital paraense. Foto-Wagner Santana/Diário do Pará.

Ana Laura Costa

Ao completar 407 anos, a capital paraense, conhecida pela famosa chuva da tarde, a fé no Círio de Nazaré, os sabores típicos e encantos, também é construída por sua gente. Gente essa que ocupa espaços nas avenidas da cidade, ruas no centro comercial e bancas na maior feira a céu aberto da América Latina.

Em todos os espaços da cidade há pessoas construindo suas próprias histórias, realizando sonhos antigos, empreendendo, sonhando com o futuro e, portanto, também construindo a história da cidade de Belém.

Em uma banca colorida no Mercado do Ver-o-Peso, entre cachaças de Jambu e castanhas do Pará, a vendedora Mônica do Socorro da Silva, 54 anos, compõe a diversidade de rostos, corpos e histórias que constroem a capital paraense.

Dona de um sorriso acolhedor, moradora do bairro da Sacramenta, há 27 anos a vendedora começou vendendo frutas junto ao irmão e, posteriormente, conseguiu abrir uma banca própria na maior feira ao ar livre da América Latina.

“Faz 27 anos que eu acordo às 5h da manhã, e com muito trabalho criei os meus 4 filhos. O Ver-o-Peso é a minha casa, conheço todo mundo e todo mundo me conhece! Tenho uma relação muito forte com este lugar, meu desejo é que depois que eu partir, meus filhos continuem o legado. Essa banca é passado, presente e futuro, quero deixar para os meus netos”, comentou entre sorrisos.

No fluxo frenético de pessoas, na Travessa Três de Maio, comércio de Belém, o cheiro de comidas típicas e o brilho das panelas de alumínio que guardam com tanto calor a comida que alimenta diariamente inúmeras pessoas, nos levam a banca de comidas típicas de Maria de Fátima Araújo, 69, carinhosamente conhecida na área como “Dona Fafá”.

Há 26 anos, Dona Fafá, encontrou o seu lugar para vender comidas, no centro comercial de Belém, e construiu família, comprou a casa própria e ajudou a formar os netos. Além de ajudar a própria família, a banca de Mônica emprega 8 pessoas, contribuindo assim na renda dessas famílias.

Há 26 anos, Dona Fafá, encontrou o seu lugar para vender comidas, no centro comercial de Belém, e construiu família, comprou a casa própria e ajudou a formar os netos. Foto: Wagner Santana/Diário do Pará.

“Tenho boas lembranças desse lugar. Amo trabalhar aqui, todo dia conheço alguém, todo dia escuto histórias diferentes, a gente vai criando laços com as pessoas, hoje em dia tenho um monte de netos, cada um maior que o outro, comem aqui desde pequenos, crescem e o afeto fica”, ressalta.

Contrariando o fluxo de paraenses que migram para Santa Catarina em busca de outras oportunidades, o catarinense Renato Monteiro, 43, sonha com o futuro, veio morar com a noiva em Belém e, enquanto a loja de acessórios e celulares não fica pronta, ele aproveita a Av. Presidente Vargas para expor seus produtos. Na capital desde novembro de 2022, o catarinense em busca de novos espaços, se diz pertencente ao lugar e é grato por ter encontrado o seu lugar em Belém.

“Belém te dá oportunidades, agradeço muito por ter encontrado esse ponto, é o ponta pé inicial para a construção da minha vida, da minha família”, encerrou.